Carregamos
os sofrimentos de Cristo
A
oração da missa nos afirma que “a providência de Deus jamais falha” e
suplicamos: “Afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil”
(Oração). Se tivermos
que pedir a ajuda, na ousadia de pedir tudo o que nos for útil, é porque Deus
nos respeita e nos trata com carinho. Somos sempre marcados pela fragilidade.
Paulo “que levamos os tesouros do conhecimento de Deus em vasos de barro”. E
explica que tudo vem de Deus e não de nós: “Deus fez brilhar sua luz em nossos
corações, para tornar claro o conhecimento da sua glória na face de Cristo”...
Trazemos esse tesouro em vasos de barro frágil, “Para que reconheçam que esse
poder extraordinário vem de Deus e não de nós” (2Cor 4,6-7). O vaso de barro se manifesta
nos sofrimentos que passamos. Paulo descreve com cores fortes tudo o que passou
por Jesus, justamente para que Deus Se manifestasse. E resume nessas palavras:
“Levamos em nós os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de
Jesus seja manifestada em nossos corpos”. Nós nos tornamos um evangelho vivo
através de nossos corpos. Ele se manifesta através de nossas fragilidades.
Se por um lado
há o cuidado de Deus por nós, por outro, temos o cuidado de estar junto com
Jesus, continuando seus sofrimentos. Sofrer não é um mal. É evangélico. Vejamos
como conclui: “De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte
por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa
natureza mortal” (Id
4,11). É uma noção bonita e raça da sacramentalidade do discípulo de
Jesus, o fiel cristão. É uma imagem viva de Cristo Crucificado que manifesta
sua glória.
Cuidando
do homem
O tema do evangelho está voltado ao
respeito do homem dando mais valor à pessoa que às regras inventadas (Mc 2,23-3,6). Os
discípulos foram criticados por apanharem grãos de trigo, limparem com a mão e
comerem. Certamente a fome apertara ou o costume os levou a isso. Jesus
responde com fatos da Escritura lembrando que Davi comera pães sagrados que
pertenciam unicamente aos sacerdotes. E diz que o “sábado foi feito para o
homem e não o homem para o sábado”. No sábado não se podia fazer nenhum tipo de
serviço. Vemos o absurdo de um gesto espontâneo significar uma transgressão de
uma lei que passou a oprimir o homem. Religião que tolhe a liberdade e oprime o
ser humano não condiz com o ensinamento de Jesus que sublinha bondade da pessoa
humana. Deus fez tudo para gerar felicidade. Temos na Igreja a tendência a
repetir esse gesto do farisaísmo. O mesmo se deu no milagre de Jesus na
sinagoga. Ali Jesus dá uma clara visão do valor do ser humano, sobretudo o mais
frágil. Era um homem da mão seca. Quem sabe que tenha tido um AVC. Jesus
pergunta se o sábado é para fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la
morrer (Mc 2,4).
Tudo em Deus e em sua lei converge para a vida. Curou o homem.
Dia
do descanso
O
cuidado de Deus com seus filhos vai mais longe e não olha só casos específicos.
Colocou na criação um modo garantido de um bom tratamento de todos através do
descanso do Sábado. Para os cristãos o dia do descanso passou para o domingo
porque a nova criação se inicia com a Ressurreição de Jesus. Esse dia do
descanso é para todos, até para os animais. Deus tirou o povo do Egito para
viver um descanso permanente. Guardar o ritmo do descanso é um excelente
remédio para a vida e para a estrutura social. Infelizmente agora o domingo tem
se transformado em dia de trabalho para tantos.
Leituras: Deuteronômio 5,12-15; Salmo 80;2ª Coríntios 4,6-11; Marcos 2,23-3,6
1. Participamos
dos sofrimentos de Cristo para ser um Evangelho vivo.
2. A
pessoa humana deve ter o primeiro lugar acima das leis humanas.
3. O
descanso dominical é um dom do cuidado de Deus para com todos.
Dividindo o peso
O
Evangelho traz um pensamento complicado: estamos sempre em aperto porque
levamos o conhecimento que temos de Deus não como uma glória. Passamos dificuldades
e sofrimentos para que não tenhamos a ousadia de termos poderes por conhecermos
a Deus. Esse conhecimento vem de Deus. Por isso trazemos esse tesouro em vaso
de barro.
O barro é a fragilidade advinda
também dos sofrimentos que passamos por Cristo. O sofrimento não é um acaso,
ele nos conforma a Cristo, pois passamos os mesmos sofrimentos.
Assim
a vida de Cristo se manifesta em nós. Somos um evangelho vivo.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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