segunda-feira, 7 de maio de 2018

Santa Flávia Domitila, Mártir - 7 de maio


   
É o ano 95 da era cristã. O imperador de Roma é Vespasiano. Flávio Clemente é seu sobrinho e é o cônsul. Ele e sua esposa, Flávia Domitila, se tornam cristãos. Flávio Clemente tem dois primos, Tito e Domiciano, que não têm descendência direta masculina e, portanto, deveriam deixar seu posto para um dos filhos de Flávio Clemente, segundo o direito romano. Faltou pouco para que no 1º século a Igreja tivesse um imperador cristão. Não só isto não ocorreu, como Domiciano iniciou uma violenta perseguição aos cristãos. Na época, os que governavam Roma não faziam muita distinção ente judeus e cristãos. Eram chamados simplesmente de ‘pagãos’, porque nem uns nem outros adoravam os ídolos dos romanos. Vespasiano e Tito tinham guerreado e destruído Jerusalém e seu Templo. Os judeus e os cristãos, que para eles era a mesma coisa, deviam pagar impostos. Diante da arrecadação, Domiciano se dá conta do grande número de ‘pagãos’ que há no Império e vê que estão presentes em todos os segmentos e que uma depuração étnica se impõe. Flávio Clemente, entre muitos, é denunciado, diz Suetônio: “com acusações muito débeis”, e é martirizado junto com sua esposa, ou quem sabe esta foi mandada para o exílio na ilha de Pandataria, como era costume entre os romanos para as pessoas da nobreza.
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O bispo cristão Santo Eusébio de Cesareia (ca.265–339) na sua História Eclesiástica escreve: "Nessa altura o ensinamento da nossa fé brilhou a tal ponto, que mesmo aqueles escritores que estavam fora da nossa tradição não hesitaram em citar nas suas histórias a perseguição e os martírios que nessa cidade tiveram lugar. Incluso indicaram o tempo com precisão ao contar que no décimo quinto ano de Domiciano, juntamente com muitíssimos outros, Flávia Domitila, filha de uma irmã de Flávio Clemente, então um dos cônsules de Roma, foi, por dar testemunho a Cristo, condenada ao exílio na ilha de Ponza”. Em outra obra sua, a Crônica, que sobrevive numa tradução feita por São Jerônimo (c. 340–420), Santo Eusébio indica o nome de um escritor que dá informações semelhantes às dadas na História Eclesiástica: em relação ao ano 16 de Domiciano (96 d.C.), na Olimpíada 218, diz que "Bruttius escreve que sob Domiciano muitos cristãos foram martirizados, incluindo Flávia Domitila, sobrinha, por parte de sua irmã, do cônsul Flávio Clemente, que foi exilada para a ilha de Ponza por haver-se declarado cristã". Jorge Sincelo, que morreu depois de 810, repetiu o texto da Crônica de Santo Eusébio, mas acrescentou que Flávio Clemente morreu por Cristo e assim foi o primeiro a dizer que este cônsul do século I era cristão. Ao citar a Eusébio, Sincelo diz que Domitila era ἐξαδελφή de Flávio Clemente, palavra que pode significar também "prima" e não unicamente, como São Jerônimo a interpretou, "sobrinha". Em 404, São Jerônimo, ao escrever sobre a morte de Santa Paula, diz que na sua viagem de Roma para a Terra Santa esta piedosa viúva fez uma parada na ilha de Ponza, "que ficou famosa pelo exílio de Flávia Domitila, a mulher mais famosa do seu tempo", e que visitou "as células onde ela passou um longo martírio". César Barônio (1538–1609) foi o primeiro a dizer que existiam duas distintas Flávias Domitilas: na antiguidade nenhum autor falou assim e Suetônio achava que os seus leitores entenderiam de quem falava ao dizer que Estevão, o assassino de Domiciano, era mordomo "de Domitila". Outros julgam mais provável que houve apenas uma Flávia Domitila banida por Domiciano, e que há erros no texto de Dião Cassio, ou no de Eusébio ou ambos. De acordo com eles, é possível, por exemplo, que houve uma confusão entre as ilhas geograficamente próximas de Ponza e Pandateria. A Legenda De acordo com certos historiadores, os mártires Nereu e Aquileu, elogiados numa inscrição do Papa São Dâmaso I (366–384) como soldados convertidos, morreram na perseguição de Diocleciano dirigida inicialmente contra os cristãos do exército (295-298) e, em seguida, contra a Igreja cristã como tal (a partir do ano 303). A legenda torna-os, de soldados do século terceiro, para eunucos do primeiro século à serviço de Flávia Domitila, que a persuadem a renunciar ao casamento para o qual ela está embelezando-se e a abraçar uma vida de virgindade. O noivo faz que ela seja exilada para a ilha de Ponza e que os eunucos sejam martirizados. Mais tarde, depois de fazê-la levar para Terracina, ele pretende usar-lhe violência, mas morre milagrosamente. Por instigação do irmão dele, Flávia Domitila é martirizada. De grande importância é a inscrição mutilada encontrada no século XVIII no cemitério na Via Ardeatina. A inscrição, agora mantida na parede da Basílica de SS. Nereu e Aquileu naquele cemitério, esclarece que Tazia Baucilla, nutriz dos sete filhos de Flávio Clemente e Flávia Domitila, obteve desta o terreno para um túmulo. No documento afirma-se ainda que Flávia Domitila era "neptis", isto é, sobrinha de Vespasiano, o pai de Domiciano, confirmando, assim, a afirmação de Dião Cassio segundo a qual a mulher de Flávio Clemente 'era consanguínea” de Domiciano. Para amenizar as "confusões" em que os historiadores teriam incorrido ao indicar os locais de confinamento das duas Domitilas, Umberto Fasola aponta que as ilhas de Ponza e Pandateria eram muito tristemente notórias para serem confundidas uma com a outra. Em Ponza, na verdade, foram confinadas as filhas de Calígula e um filho de Germânico, e foram confinados em Pandateria Júlia, filha de Augusto, Agripina, esposa de Germânico, e Otávia, esposa de Nero. A veneração por Flávia Domitila em Ponza é antiga. Mas o nome de Domitila não aparece nem na Depositio Martyrum, nem no Martirológio Geronimiano. A sua celebração em 12 maio não é anterior ao século IX, e foi introduzida nos livros litúrgicos sob a influência do Martirológio de Floro, que a incluiu na sua lista provavelmente por engano, trocando o Flávio lembrado no Geronimiano na data de 7 de maio. As informações sobre Flávia Domitila que aparecem na “passio” legendária (séc. V-VI) não têm credibilidade: entre outras coisas, esta “passio” fala de dois "eunucos", Nereu e Aquileu, que converteram Domitila à fé cristã, quando na realidade ficamos sabendo por um poema dedicado aos dois mártires que eles antes da conversão eram militares a serviço do perseguidor. E, como dito anteriormente, viveram no século III. A existência, no entanto, das duas Domitilas e a sua condenação ao exílio por terem abraçado o Cristianismo são fatos incontestáveis, como claramente demonstrado pelos documentos. O corpo de uma Flávia Domitila é venerado na igreja dos SS. Nereu e Aquileu. A edição do Martirológio Romano diz, na data de 7 de maio: "Em Roma, comemoração de Santa Domitila, mártir, que, sendo filha da irmã do cônsul Flávio Clemente, durante a perseguição do imperador Domiciano foi acusada de negar os deuses pagãos e, por motivo do seu testemunho a Cristo, foi banida com outros para a ilha de Ponza, na qual experimentou um prolongado martírio”. Em 1969 o nome de Domitila foi removido do Calendário Romano Geral.
Fontes: www.santiebeati.it; Wikipédia Etimologia: Flávia, de origem latina, Flavius = “louro, áureo, de cabelos louros, ou dourados”. Domitila, do latim Domitilla, feminino e diminutivo de Domício, do latim Domitius = “o senhor, o da casa, dono”.
Nota: A figura acima é foto de uma estátua em mármore de uma dama romana ignota do primeiro século. Consideramos que representa melhor as Flávias do texto do que possíveis concepções artistas posteriores. No nosso entender, esta dama bem poderia ser a nossa mártir.
http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/

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