Deus compôs a mais bela
ladainha no eterno louvor da Sabedoria. Quando fez o mundo, como nos narra o
livro dos Provérbios (Pr 8,24-31,)
proclama: “Eu estava junto Dele como mestre de
obra, eu era o seu encanto todos os dias, todo o tempo brincava em sua
presença: brincava na superfície da terra, encontrava minhas delícias entre os
filhos dos homens. Essa Sabedoria, que acompanhou a criação, repetia após cada ato
criador, clamando de alegria: “E Deus viu que isso era bom”. Ao fim da criação,
“Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1,10.31). Assim podemos compreender a
beleza e a bondade de todo universo. Nesse universo estão o homem e a mulher aos
quais o paraíso foram dadas a belezas do paraíso para ser cultivado (Gn 2,15). Cultivar
pode significar a missão de promover a natureza, protegendo-a dos desvios
criados pelo homem incapaz de preservá-la para seu próprio bem. Esse é o
sentido do texto do primeiro capítulo da criação: “Deus os abençoou e disse:
‘sede fecundos e multiplicai-vos enchei a terra e submetei-a’” (Gn 1,28). Submeter significa,
em hebraico, esmagar com o pé. O sentido é descartar a idolatria. A bondade da
natureza reside no seu ser natureza, sejam plantas, animais, minerais etc...
Tudo tem sua riqueza de ser dom. Está a serviço da vida. A convivência pacifica
não será um domínio. Dignificá-la não é dominá-la modificando sua condição de
natureza. Domesticar, pode significar destruir e não usar a natureza como obra
do Criador.
2036. Libertando a natureza
Refletindo sobre a Ressurreição do
Senhor e o universo criado, seguimos o texto de S. Paulo na carta aos Romanos,
que diz: “Deus enviou seu Filho numa carne semelhante à do pecado” (Rm 8,2). Depois nos
traz um texto que explica que a natureza, por causa do pecado do homem, foi
submetida à vaidade, não por culpa dela. Ela não pecou. Foi vítima. Ela espera
ser libertada da corrupção para entrar na liberdade dos filhos de Deus.
“Sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente” (Rm 8,18-22). O mal do
pecado invadiu o universo, desequilibrando-o. O profeta Isaias diz que quando o
Messias vier haverá a harmonia que foi rompida pelo pecado e a terra se tornou
maldita (Gn 3,17-19).
Vemos atualmente, tanto na sociedade como na Igreja, grande empenho pela
natureza. Já é efeito da Ressurreição. Há uma recuperação da natureza em
Cristo, em seus sacramentos, pois quando oferecemos pão e vinho, a natureza
enxuga suas lágrimas e oferece a Deus o Corpo e Sangue de Cristo, frutos da
terra e do trabalho do homem (ofertório). A Eucaristia é a ressurreição do
Universo.
2037. Unidos à natureza no louvor
A natureza participa intensamente
do louvor a Deus. Quando lemos o salmo 64, depois de descrever a preparação da
terra e seus frutos, diz: Tudo canta e grita de alegria (Sl 64,14). A natureza está intimamente
unida ao louvor de Deus. Essa é sua permanente ressurreição. Os autores
sagrados tem muita facilidade em mostrar essa visão completa do relacionamento
com Deus. O elemento natural, do céu e da terra, está presente em sua relação
com Deus. Ele convida céus e terra a louvarem a Deus. No cântico de Daniel
temos uma chamada a todos os elementos da natureza ao louvor do Senhor
juntamente com Anjos e Santos. Nossa oração diverge muito da oração que está na
Bíblia. É a pessoa humana completa com a natureza que a cerca que entra no
louvor. A transformação dessa natureza pela ressurreição a colocará em sua
devida condição de obra do Senhor.
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