A
Palavra de Deus proclamada na celebração de hoje confere um valor muito grande
ao ensinamento de Jesus. Jesus cumpre a lei do Antigo Testamento, mas
aperfeiçoa seu conteúdo. Por isso o Antigo Testamento só pode ser compreendido
a partir de Jesus, o novo Moisés. Os dois Testamentos não podem ser tratados do
mesmo modo. Jesus não modifica a lei, mas aprofunda: “Sede perfeitos como vosso
Pai celeste é perfeito”. O que Jesus propõe com Seu ensinamento é realizar o mandamento
de Deus como Ele. E diz: “Se vossa justiça não for maior que a justiça dos
mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20). Jesus explica a razão de ser maior, dando-nos o
mandamento do amor: “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos
outros”. E diz como é este amor: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos
outros” (Jo 13,34). A
novidade da lei de Jesus é o fundamento da lei que passa da execução exterior
para o interior do coração. Por isso diz: “Eu porém vos digo”. Em primeiro lugar lembra a lei sobre o
respeito à vida: Não basta não matar, mas também respeitar a pessoa, pois a
palavra grosseira tem o mesmo peso de um assassinato (21). Em segundo lugar, o respeito ao amor a quem se
comprometeu a amar. A fidelidade ao casamento deve ser não somente física, mas
afetiva. O desejo já é adultério (28). É no coração que se é fiel. Quem ama, ame por
inteiro. Em terceiro, não há necessidade de fazer juramento, mas ser fiel em
tudo. Mentira não deve existir. Jesus é a expressão da fidelidade do Pai. Daí
nasce a fidelidade cristã. Vemos que os mandamentos continuam, mas levados à
perfeição interior.
É necessária a escolha
Seguir
os mandamentos, ainda mais, levá-los à perfeição, é uma garantia e uma
proteção: “Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias
em Deus tu também viverás” (Eclo 15,16).
O mandamento expressa a vontade de Deus. Por isso estão unidos a Ele como um
meio de proteção. Eles não diminuem a pessoa humana. São setas indicativas do
melhor caminho para a vida. Por isso o Eclesiástico retoma o tema da escolha:
“Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal. Ele receberá aquilo que
preferir” (Eclo 15,18). É
como lemos no Deuteronômio: “Ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a
maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e tua posteridade” (Dt 30,19). A opção de seguir o mandamento é vida, pois nos
une ao legislador Jesus. Os mandamentos aperfeiçoam o amor. Quando se coloca o
amor por primeiro, os mandamentos são alegria.
Sabedoria da vida
A
sabedoria de Deus se manifesta no seguimento dos preceitos: “Dai-me o saber, e
cumprirei a vossa lei e de todo coração a guardarei” (Sl 118). O salmo nos ensina a rezar: “Abri meus olhos e
então contemplarei as maravilhas que encerra a vossa lei” (id). Deus quer que pratiquemos o bem: “Não mandou
ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença para pecar” (Eclo
15,21). Se acontecer o pecado na vida,
não foi pela vontade de Deus. Paulo nos ensina que os resultados das boas
escolhas nos surpreenderão: “O que Deus preparou para os que O amam é algo que
os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais
pressentiu” (1Cor 2,9). Esta
felicidade não está jogada para o fim da vida, numa vida futura, mas pode ser
vivida todo momento quando temos a alegria de escolher o Senhor. Em cada
Eucaristia fazemos a experiência desse amor que sustenta a lei.
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