Celebramos o tempo favorável no
qual nos preparamos para a Páscoa. É como um sacramento que realiza em nós
aquilo que fizermos através da Palavra e das atitudes que tomarmos. A oração da
missa ensina a meta deste tempo: “Progredir no conhecimento de Jesus Cristo e
corresponder a Seu amor por uma vida santa”. Tudo que fizermos nos levará a
participar da Morte e Ressurreição do Senhor. Iniciamos a Quaresma meditando
sobre as tentações de Jesus, e nelas, nossas tentações. Somos frágeis e
pecadores, isto é, nem sempre correspondemos ao projeto de vida que nos foi
oferecido desde o Paraíso. O mal é uma torrente avassaladora que só perde a
força na obediência de Jesus. Nesse primeiro domingo, todos os anos, temos a
reflexão sobre as tentações de Jesus. Não podemos ficar pensando só em Suas
tentações, mas também que estamos envolvidos pela mesma situação. S. Agostinho
insiste: Em Cristo fomos tentados e em Cristo vencemos. O pecado não é um beco
sem saída, pois é “para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). A
narrativa do pecado de Adão e Eva não é só a narração de um fato, mas a
realidade que existe em todos nós. Escolhemos o Mal e deixamos a Vida. Jesus
sofre três tentações. Estas resumem todo o mal que é raiz dos males do mundo.
Jesus, como homem, passou pela tentação. Celebrar a Páscoa será vencer a
tentação com a força de Jesus.
Deus põe diante de nós
uma escolha: Se escolhermos obedecer, venceremos. A primeira tentação é o pão
pois significa viver para os bens temporais como o mais importante da vida. O
pão é bom, mas precisa usar a receita do Pão da Palavra. “Não só de pão vive o
homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus”. Essa tentação está
presente no mundo de maneira desavergonhada quando vemos a luta por ter sempre
mais. O bem estar domina o estar bem. A ganância pelos bens materiais é um mal
que gera tantos males como a exploração e a corrupção. A segunda tentação vem
do coração cheio do orgulho. O diabo leva Jesus ao ponto alto do templo para
pular e não se ferir. Jesus responde: “Não tentarás o Senhor teu Deus!” Jesus é
tentado a resolver nossa salvação com milagres espetaculares. Essa tentação é a
vaidade e o orgulho. O mundo vive para a vaidade. A luta pelo poder, que vemos
na política, na economia e nas igrejas e na vida da Igreja, leva a desatinos e
crimes. A terceira tentação é a adoração do prazer. Tudo pelo prazer! Só a Deus
adorarás, diz Jesus! Deus é a fonte do
prazer e orienta nosso prazer. Nós somos
insaciáveis no prazer porque não colocamos nosso prazer a serviço amor, e da
vida. O prazer não se completa em nós porque temos só prazer humano. Quando saborearmos
o prazer espiritual, veremos quanto maior será o prazer humano.
A obediência que liberta
Quando vivermos a
Palavra, a humildade e a adoração a Deus, a liberdade que Cristo nos dá será
nossa Páscoa e o caminho de salvação. Só assim teremos o mundo novo. A
desobediência de Adão foi vencida na obediência de Cristo que nos deu a
superabundante salvação. A Quaresma é uma oportunidade de ouvirmos a Palavra,
participarmos das celebrações e nos convertermos do mal. A Campanha tem como
lema Fraternidade e Tráfico Humano. É uma questão grave, pois o desrespeito à
pessoa, seus direitos e valores é sua destruição. A Páscoa será restaurar a
pessoa na sua condição original. Sem este respeito continuamos crucificando
Cristo em seus membros frágeis.
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