A festa da Apresentação de Jesus no
Templo, dia 2 de fevereiro, está em união com a festa do Natal, pois, pela Lei,
“depois da purificação da mãe e do menino, todo primogênito masculino deveria
ser consagrado ao Senhor” (Ex
13,2). Jesus cumpriu todas as leis e costumes de seu povo. A festa de
hoje não pretende descrever o fato, mas dizer que Jesus é consagrado ao Pai. A
Apresentação de Jesus relata, como cantamos no salmo 23, a gloriosa entrada de
Deus no Seu templo: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais
alto antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar!”. Esta é a
glória predita pelo profeta quando se reconstruía o templo: “A glória futura
deste Templo será maior do que a passada, disse Javé dos Exércitos, e neste
lugar eu darei a paz, oráculo do Senhor dos Exércitos” (Ageu 2,9). Jesus veio trazer a paz (Lc 19,42). Jesus é levado ao Templo para ser
apresentado ao Senhor. O verbo apresentar tem conotação sacrifical. Como o
primogênito pertencia Deus e deveria ser entregue em sacrifício, é resgatado (Ex 13,11-15), por ser
pobre, por dois pombinhos. O Menino é oferecido a Deus, por Lhe pertencer. Por
que o primogênito pertencia a Deus? No Egito, no momento da morte dos
primogênitos, os filhos dos hebreus foram poupados. Como passaram a pertencer a
Deus, deviam ser adquiridos através do sacrifício. Para Lucas Jesus não é
resgatado, pois continua pertencendo a Deus. Na festa de hoje temos a continuação
do símbolo da luz do Natal e dos Magos como lemos no cântico de Simeão: “Luz
para iluminar as nações, glória de Israel vosso povo” (Antífona de entrada). Esta luz vai
irromper na madrugada da Ressurreição. Vir a Seu templo significava
restabelecer o povo. Ele vem para a purificação. Assim serão aceitos por Deus.
O mensageiro que vem preparar o caminho é João.
Consagrados
para Deus
A Carta aos Hebreus dedica-se a mostrar que Jesus... “devia fazer-se em
tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um Sumo Sacerdote misericordioso... pois
tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora
sofrem a tentação” (Hb
2,17-18). A entrega de Cristo ao Pai, por Lhe pertencer, leva consigo
todos seus irmãos que “tem em comum a carne e o sangue” (14). Somos consagrados ao Pai em
Jesus, por isso participamos também de sua entrega aos irmãos. Consagração
exige crescimento como em Jesus. A luz é recordada na vela do Batismo, da
Crisma e dos funerais. É o símbolo de estar vigilante, como na parábola das 10
virgens que levavam lâmpadas acesas (Mt 25,1ss).
Envelhecer na fé
A narrativa da Apresentação se
encerra com uma curiosa presença de dois anciãos. Simeão é justo e piedoso. Ana
servia a Deus com jejuns e orações. Simeão era cheio do Espírito Santo e pôde identificar
em Jesus, o Messias. Maria, José e os dois anciãos representam o “resto fiel –
os pobres de Javé” que mantiveram a fé na esperança do Messias e O acolhem. A
festa, em sua conclusão, mostra a necessidade de envelhecer vivendo a fé,
deixar-se guiar pelo Espírito Santo, ouvi-Lo e distingui-Lo no meio dos rumores
e saber entregar a vida após ter visto a salvação. Como Ana, contar a todos a alegria de ter
encontrado o Messias. A Igreja é convidada a dar proteção e saber aproveitar-se
dos bens espirituais que acumularam. Todos
são convidados a crescer como Jesus em todas as dimensões. Só assim poderemos
amadurecer na fé como consagrados a Deus.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário