quinta-feira, 3 de maio de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Direito de consagrado”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Acolher em seu templo
            A festa da Apresentação de Jesus no Templo, dia 2 de fevereiro, está em união com a festa do Natal, pois, pela Lei, “depois da purificação da mãe e do menino, todo primogênito masculino deveria ser consagrado ao Senhor” (Ex 13,2). Jesus cumpriu todas as leis e costumes de seu povo. A festa de hoje não pretende descrever o fato, mas dizer que Jesus é consagrado ao Pai. A Apresentação de Jesus relata, como cantamos no salmo 23, a gloriosa entrada de Deus no Seu templo: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar!”. Esta é a glória predita pelo profeta quando se reconstruía o templo: “A glória futura deste Templo será maior do que a passada, disse Javé dos Exércitos, e neste lugar eu darei a paz, oráculo do Senhor dos Exércitos”  (Ageu 2,9). Jesus veio trazer a paz (Lc 19,42). Jesus é levado ao Templo para ser apresentado ao Senhor. O verbo apresentar tem conotação sacrifical. Como o primogênito pertencia Deus e deveria ser entregue em sacrifício, é resgatado (Ex 13,11-15), por ser pobre, por dois pombinhos. O Menino é oferecido a Deus, por Lhe pertencer. Por que o primogênito pertencia a Deus? No Egito, no momento da morte dos primogênitos, os filhos dos hebreus foram poupados. Como passaram a pertencer a Deus, deviam ser adquiridos através do sacrifício. Para Lucas Jesus não é resgatado, pois continua pertencendo a Deus. Na festa de hoje temos a continuação do símbolo da luz do Natal e dos Magos como lemos no cântico de Simeão: “Luz para iluminar as nações, glória de Israel vosso povo” (Antífona de entrada). Esta luz vai irromper na madrugada da Ressurreição. Vir a Seu templo significava restabelecer o povo. Ele vem para a purificação. Assim serão aceitos por Deus. O mensageiro que vem preparar o caminho é João.
Consagrados para Deus
A Carta aos Hebreus dedica-se a mostrar que Jesus... “devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um Sumo Sacerdote misericordioso... pois tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (Hb 2,17-18). A entrega de Cristo ao Pai, por Lhe pertencer, leva consigo todos seus irmãos que “tem em comum a carne e o sangue” (14). Somos consagrados ao Pai em Jesus, por isso participamos também de sua entrega aos irmãos. Consagração exige crescimento como em Jesus. A luz é recordada na vela do Batismo, da Crisma e dos funerais. É o símbolo de estar vigilante, como na parábola das 10 virgens que levavam lâmpadas acesas (Mt 25,1ss).
 Envelhecer na fé
            A narrativa da Apresentação se encerra com uma curiosa presença de dois anciãos. Simeão é justo e piedoso. Ana servia a Deus com jejuns e orações. Simeão era cheio do Espírito Santo e pôde identificar em Jesus, o Messias. Maria, José e os dois anciãos representam o “resto fiel – os pobres de Javé” que mantiveram a fé na esperança do Messias e O acolhem. A festa, em sua conclusão, mostra a necessidade de envelhecer vivendo a fé, deixar-se guiar pelo Espírito Santo, ouvi-Lo e distingui-Lo no meio dos rumores e saber entregar a vida após ter visto a salvação.  Como Ana, contar a todos a alegria de ter encontrado o Messias. A Igreja é convidada a dar proteção e saber aproveitar-se dos bens espirituais que acumularam. Todos são convidados a crescer como Jesus em todas as dimensões. Só assim poderemos amadurecer na fé como consagrados a Deus.  
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