sexta-feira, 11 de maio de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Amar não por ser amado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO

O Pai é perfeito.
            A grande novidade do mandamento do amor que Jesus declara como o “seu mandamento” está em sua grandiosidade. Amar não por ser amado, mas amar porque tem o direito de amar. Este direito é proveniente do dom do Espírito de amor que anima o amor que Jesus possui por nós. Pela lei do Antigo Testamento, a resposta ao que nos fizessem deveria ser paga com a mesma moeda: “Olho por olho, dente por dente”(Mt 5,38). A proposta de Jesus é como um amortecedor de ódio. Ao revidar aumentamos a violência. Ao dar uma resposta de bondade se rompe o espiral de violência. Não se trata de ser bobo, mas de ser mais inteligente. Sabemos que enfrentar o bandido é sempre um risco maior, sem falar que aumenta a violência. Jesus diz claramente: “Não enfrenteis o malvado” (39). E exemplifica: dar a outra face esquerda a quem lhe bate na direita; dar o manto a quem toma a túnica; ir dois km com quem o força a andar um; emprestar a quem pede emprestado; amar os inimigos e os que perseguem. Vemos quanto ódio existe nas relações com as pessoas, as raças, as religiões e as nacionalidades. Jesus ensina essa verdade porque assim que é o Pai:  “faz nascer o sol sobre bons e maus, e chover sobre justos e injustos e não faz distinção de pessoas” (Mt 5,46). O amor que podemos ter não é retribuição ao amor que nos dão. Isso é ainda paganismo. Assim se ama como Ele nos amou. A perfeição do Pai que devemos seguir é a perfeição do amor: amar pelo direito de amar. Amor não é troca de favores, mas entrega de vida. Jesus deu o exemplo: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o extremo do amor” (Jo 13,1), dando sua vida na maior doação. S. Afonso ensinava que a Eucaristia era memória do amor com que Jesus se entregou na Paixão. O que vemos na Paixão é a dor, mas o que reina é o amor.
Amor gratuito.
            A maior prática do amor está no amor aos inimigos, pois só Jesus, ao morrer, poderia dizer: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,33). Estas palavras correspondem à demonstração do amor do Pai: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8). O amor de Deus é totalmente gratuito. No salmo 102 podemos ver as qualidades do amor do Pai: Perdoa, salva, cerca de carinho e compaixão, é indulgente paciente bondoso e compassivo. Como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que o temem. Ninguém merece, pois o Pai se dá o direito de amar a todos. Que pai ou mãe não ama o filho mais frágil? O amor se concretiza em palavras e ações. Rezamos na oração da missa: “Concedei, que procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações”. Sem esse amor não podemos realizar o mandamento de Jesus.
Sois o templo de Deus.
            A santidade está no amor. O amor habita em nós pelo Espírito Santo que nos foi dado. Ele habita em nós. “Nosso corpo é templo do Espírito Santo” (1Cor 1,19). Não só somos uma habitação, mas participamos de sua santidade. “O santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário” (1Cor 3,16-23). O Espírito é Divina caridade que habita em nós. A igreja é um tempo de pedra repleto de pedras vivas que constroem o templo de Deus. O amor habita em nós. Nossa vida espiritual insiste em regras espirituais que não se preocupam o amor. Por isso a Eucaristia é a grande escola que nos ensina a amar e doar-se.

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