PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
“O único mandamento”
Um
Reino aberto a todos
A
primeira leitura da liturgia deste 6º Domingo da Páscoa é forte como a retirada
da pedra que fechava o túmulo de Jesus. Essa foi movimentada por mãos de anjos.
A pedra que impedia os pagãos de chegarem ao Evangelho foi retirada pelo
Espírito Santo. O texto é mais amplo e conta a visão de Pedro, na qual Deus
declarando que todos os alimentos são puros, ensina que também os pagãos são
destinados à salvação. Pedro e os fiéis, de origem judaica, viram a ação do
Espírito Santo nos pagãos, antes do batismo. Com sabedoria reconhecem que não
se pode negar o Batismo a quem Deus não negou o Espírito Santo antes do Batismo.
Esse acontecimento confirma a salvação para todos os povos. O Senhor fez
conhecer a salvação e revelou sua justiça às nações. Ser Reino aberto a todos
não significa somente que todos podem participar do Reino, mas também que o
Reino está aberto às culturas de todos os povos. Não precisava ser judeu para
acolher o Evangelho. Nós somos descendentes desses povos novos pagãos que
acolheram o alegre anúncio. A bem dizer que, desde o início vemos crescer o número
dos pagãos que acolhem o Evangelho e o anunciam com vigor. Que não falte agora
a capacidade de acolher as “riquezas dos povos”, como nos ensina o Concílio
Vaticano II sobre a atividade missionária da Igreja no documento Ad Gentes, nº
10 e 22. É o maravilhoso intercâmbio. A imposição de uma cultura sobre o Evangelho
é negar a ação do Espírito Santo.
Espírito
fonte do amor
Jesus
é movido pelo Espírito Santo. Agora o Espírito abre os corações ao Reino de
Deus como abriu o de Jesus, para construir o mundo, ter nas mãos o projeto de
Deus. Deus é para todos. Não para um grupo especifico. A Ressurreição de Jesus
não é um acontecimento de sacristia. Em campo aberto tira todos os empecilhos
para que a notícia chegue aos confins do Universo. É a força do Espírito que impele
a levar adiante a energia Divina do amor. Por isso Jesus insiste: “Permanecei
no meu amor” (Jo 15,10).
O amor que recebemos de Jesus é o mesmo que recebe do Pai. É um amor doação:
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois
meus amigos, se fizerdes o que vos mando”. O que o Pai manda? “Isto é o que vos
ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15,13-17). Nesse amor temos o conhecimento de Deus e como
Ele ama. O amor do Pai é o mesmo do Filho: amor de doação: “Foi assim que se
manifestou o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para
que tenhamos vida por meio Dele”. O amor que possuímos é o próprio amor de Deus
e seu modo de amar que estão em nós: “Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi
ele que nos amou e enviou seu Filho como vítima de reparação pelos nossos
pecados” (1Jo 4,10).
O
Amor, vida do Reino
Rezamos na oração: “Nossa vida corresponda aos mistérios que celebramos.
E mais ainda, é fruto do sacramento pascal que nos dá sua força salutar (Pós comunhão). Toda a
celebração tem a dimensão da fé e da ação no dia a dia, se não é morta. A vida
se fará pelo conhecimento de Deus através do amor: “O amor vem de Deus e todo
aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus... pois Deus é amor” (1Jo 4,7-8). Guardar
os mandamentos é a garantia do amor. O amor produz frutos: “Eu vos escolhi e
vos designei para irdes e produzirdes frutos e o vosso fruto permaneça. Então o
que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vos concederá” (Jo 15,16). Produzir frutos é amar.
Leituras: Atos 10,25-26.35.44-48; Salmo 97; 1João 4,7-10João 15,9-17;
1. O
Reino de Deus é oferecido a todos, pois quem age é o Espírito.
2. O
amor que recebemos de Jesus é o mesmo que o Pai lhe tem.
3. Guardar
os mandamentos é garantia do amor do Pai.
O amor tem nome e sobrenome
Conjugando
o verbo amar, atingimos sua capacidade infinita, pois se identifica com o
próprio Deus que é amor: Amei, amarei, amando, amo etc. Que beleza e que
riqueza! Amar só tem um jeito: todos os jeitos. Não há onde o amor não caiba.
Amamos
com palavras, com o silêncio, com os olhos, com o corpo ou na dedicação. Amor
não tem idade. O amor não tem dor. O amor não tem nada nem precisa de nada,
pois tem tudo.
Temos
medo de amar e sermos amados. Somos uma raça de gente fria, sem sentimento.
Quem não ama não conheceu a Deus porque Deus é amor. A Igreja, quando morrer em
algum lugar, podemos ter certeza que foi porque deixou de amar.
Ademais,
precisamos deixar nossas hipocrisias, por exemplo, quando expressamos nosso
amor a Deus, e não amamos nossos irmãos. É um contraditório expressar amor a
Deus que não vemos, e não amar nossos irmãos que convivem conosco no trabalho,
na igreja, em nossa comunidade, em nossa família.
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