quinta-feira, 19 de abril de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Uma Família Sagrada”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Jesus e sua família
A família considerada modelo para a humanidade é problemática, não por ter problemas, mas por ser diferente do modelo que apresentamos como ideal. Houve uma gravidez pré-matrimonial, no caso, espiritual; um noivo que aceita esta gravidez, mas a partir da fé; uma vida conturbada, como vemos no recenseamento, na fuga para o Egito e na perda do Menino em Jerusalém. Foge bem da tradicional família. Por outro lado percebemos que nesta união diferente estão os elementos dados como fundamentais para a vida da família: A fé que sustenta nas diversas situações, as virtudes próprias e o cumprimento dos mandamentos como lemos na primeira leitura. O salmo lembra o temor de Deus a sustenta. Esta é a base de tudo o que pudemos considerar família. Vivemos num mundo onde mudam os paradigmas, mas não pode mudar o fundamental: A presença do Filho de Deus. Esta é a pedra fundamental da família cristã: a presença de Jesus no seu meio e com a mesma necessidade que Ele cresça. Ele vai dar a sabedoria e a graça. Assim também nossas famílias, como o Filho de Deus, crescerão formando Cristo em si, revestindo-se de suas virtudes. A família é o modo mais eficiente para mostrar quem é Deus, como funciona o amor e que vivemos para gerar comunhão. Ela é a célula base da Igreja, pois ela realiza o projeto evangélico de Jesus: amar e servir. Deus quis que Seu Filho vivesse e fosse formado em uma família, completando assim Sua Encarnação que num contexto mais amplo familiar e social. A Sagrada Família é profundamente humana.
 Um mandamento com promessa
            Como Deus é Pai, Filho e Espírito, é família. Por isso a Palavra de Deus nos deu o mandamento de honrar os pais. Ele é o primeiro da segunda tábua. Na primeira tábua, os três primeiros mandamentos se referem a Deus: amar, santificar e guardar o dia santificado. A segunda tábua inicia-se com o mandamento de “honrar pai e mãe”. Tem-se a impressão que os demais nascem dele porque se referem à vida em comunidade. Ele é tão grande que, é o único que tem uma promessa: “Quem honra seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvindo na oração cotidiana... terá vida longa... a caridade feita ao pai não será esquecida. Mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça será para tua santificação” (Eclo 3,4.6.15). Há muita gente que faz de tudo na Igreja, na sociedade. Mas os pais ficam abandonados, sem carinho, explorados, roubados e até jogados num asilo. Há pessoas que reclamam que Deus não as escuta. Não será por isso?
Frutos espirituais da família
            A família é um dom a se construir. S. Paulo mostra como que uma síntese desta vida em família que se constrói com as pedras das virtudes. “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos” (Cl 3,12). Já temos em nós a santidade porque somos amados por Deus. Por isso é preciso sempre se revestir da misericórdia, bondade, humildade, mansidão, suportando uns aos outros, perdoando (13), vivendo na paz, modelados pela Palavra. “Tudo o que fizerdes, em palavra ou obra, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo” (17). As virtudes básicas são a obediência, cuidado uns com os outros, solicitude, respeito aos filhos (18-21). Construindo com essas pedras fundamentais poderemos ter o edifício da família edificado sobre a pedra. É preciso estar aberto às mudanças do tempo. Mas só daremos uma contribuição se nos firmarmos nos valores fundamentais.

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