Evangelho
segundo S. Lucas 24,35-48.
Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha
acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão.Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz
esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses
pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar,
perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?». Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava
convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de
ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Cirilo de Alexandria (380-444),
bispo, doutor da Igreja
Comentário ao Evangelho de João, 12; PG 74, 704
«Vede as minhas mãos e os
meus pés: sou Eu mesmo»
Ao entrar no Cenáculo com as portas
trancadas, Cristo mostrou, uma vez mais, que é Deus por natureza, embora não
seja diferente daquele que anteriormente vivia com os seus discípulos. Ao
descobrir-lhes o lado, mostrando-lhes as marcas dos cravos, mostrou-lhes
claramente que tinha reconstruído o templo do seu corpo, que fora suspenso da
cruz (cf Jo 2,19), destruindo a morte física, uma vez que Ele é, por natureza,
a vida e é Deus. [...] Mesmo que Cristo tivesse querido tornar visível aos discípulos a glória do seu
corpo antes de subir para o Pai, os nossos olhos não teriam tido capacidade de
suportar tal visão. Percebemos que assim é recordando a transfiguração que teve
lugar no alto da montanha (Mt 17,1s). [...] Foi por isso que, observando com
precisão os planos divinos, Nosso Senhor Jesus apareceu no Cenáculo ainda com a
forma que tivera no passado, e não segundo a glória que é devida e que convém
ao seu templo transfigurado. Ele não queria que a fé na ressurreição dissesse
respeito a um aspeto e a um corpo diferentes daqueles que tinha recebido da
Santíssima Virgem e nos quais morreu, depois de ter sido crucificado, segundo
as Escrituras. [...] O Senhor saúda os seus discípulos dizendo-lhes: «A paz esteja convosco». Deste
modo, declara que Ele próprio é a paz, porque quantos usufruem da sua presença
usufruem também de um espírito perfeitamente pacificado. Era precisamente isso
que S. Paulo desejava aos discípulos quando lhes dizia: «A paz de Deus, que
ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos
pensamentos em Cristo Jesus» (Fil 4,7). Para S. Paulo, a paz de Cristo, que
ultrapassa tudo quanto pode ser concebido, não é senão o seu Espírito (cf Jo
20,21-22); aquele que participa no seu espírito será cumulado de todos os bens.
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