Segundo uma longa passio, Eudóxia era uma mulher samaritana que vivia em Heliópolis, na região do atual Líbano, no tempo de Trajano (98-117).
Eudóxia nasceu por volta do ano 50 da era cristã na Samaria, região pagã. O Evangelho relata que uma aldeia samaritana se recusou a receber Jesus ao saber que ele era judeu e estava indo para Jerusalém. Foi também na Samaria que ocorreu o encontro de Jesus com a mulher samaritana que O recebeu e se converteu. Eudóxia talvez levasse em seu inconsciente este fato acontecido poucos anos antes de seu nascimento; provavelmente ela ouvira falar de Jesus Cristo.
A família de Eudóxia mudou-se para a cidade de Heliópolis quando ela era ainda menina. Tornou-se uma jovem de extraordinária beleza e com seu comportamento libertino era procurada por inúmeros amantes amealhando imensa riqueza.
Ao lado da casa de Eudóxia vivia um cristão. Certo dia o vizinho hospedou um monge já idoso, chamado Germano. O monge tinha o hábito de se levantar de madrugada para fazer suas orações e o fazia em voz alta. Sua bela voz ecoou e quando ele começou a entoar hinos de louvor ao Senhor, Eudóxia acordou e se pôs a prestar atenção. Quando o monge cantou um trecho do Evangelho que falava sobre a segunda vinda de Jesus Cristo e sobre o Juízo Final, as palavras impressionaram Eudóxia, pois elas descreviam sua vida no pecado e ela não conseguiu mais dormir.
Ao amanhecer, Eudóxia foi até à casa de seu vizinho e perguntou pelo homem que rezara de madrugada. Ficou conhecendo o velho e sábio Germano. Este, notando com que avidez Eudóxia ouvia suas palavras, passou vários dias orientando-a, rezando com ela e instruindo-a na fé católica. Finalmente Eudóxia encontrara a verdade e o amor verdadeiro que tanto procurava, em sua busca incessante de prazeres.
Uma visão do Arcanjo São Miguel, em que este dizia a ela palavras consoladoras e cheias de esperança, confirmou em Eudóxia o desejo de se tornar uma seguidora de Jesus Cristo. Ela manifestou ao monge Germano o desejo de mudar de vida: queria ser batizada, fazer penitência e doar seus bens aos pobres.
Teodoto, Bispo de Heliópolis, por intermédio de Germano tomou conhecimento de toda a história da jovem; percebendo que havia ali uma graça real de conversão, ministrou o batismo a Eudóxia. Depois da recepção do Sacramento, ela deu a liberdade aos escravos que possuía, doou à Igreja todos os bens que tinha acumulado e ingressou num convento de monjas que ficava perto de Heliópolis.
No convento Eudóxia vivia inteiramente consagrada ao Senhor, no jejum, nas orações e nos atos de amor e caridade. Ela rapidamente chegou a uma maturidade espiritual notável, que transparecia nos seus atos de amor para com o próximo e nos dons extraordinários que se manifestavam através dela. Doentes iam até o convento pedir orações e saíam de lá curados.
A fama dos dons extraordinários e das curas operadas pela oração de Eudóxia se espalharam pela cidade. Por isso, o prefeito de Heliópolis, um pagão chamado Aureliano, enviou soldados para prendê-la sob a acusação de bruxaria. Os soldados, porém, não conseguiram entrar no convento. A Santa afirmava que era por causa da proteção de São Miguel.
Após três dias de tentativas frustradas, eles desistiram e, assustados, contaram os fatos ao prefeito. O prefeito, furioso, enviou outro grupo de soldados, desta vez sob a liderança de seu próprio filho. Quando este grupo chegou diante do convento, seus cavalos ficaram muito assustados e começaram a refugar com violência, provocando a queda do filho do prefeito, que morreu na hora.
Profundamente abalado, Aureliano resolveu enviar um tribuno para desta vez pedir ajuda a Santa Eudóxia. A santa respondeu através de um bilhete pedindo autorização para se aproximar do corpo do filho do prefeito. Sem outra opção, ele permitiu e levou o filho morto até à porta do convento. Santa Eudóxia saiu, rezou pelo morto e este ressuscitou, para o espanto de todos. Ao ver milagre tão extraordinário, Aureliano converteu-se imediatamente, bem como toda a sua família e os membros de seu governo. Uma das filhas de Aureliano, Gelásia, entrou para o convento de Santa Eudóxia. O filho ressuscitado tornou-se diácono e, alguns anos mais tarde, foi sagrado bispo de Heliópolis.
Santa Eudóxia, depois de alguns anos, foi eleita a superiora do mosteiro onde vivia. Como superiora, dedicou-se também à conversão dos pagãos; muitos se convertiam ao ouvirem seus ensinamentos sobre a fé em Jesus Cristo e vendo as curas que aconteciam por suas orações.
Na época do imperador Trajano, ela foi denunciada pela disseminação da fé cristã. Acusada de bruxaria e fraude, sem julgamento, Eudóxia foi decapitada em 1o. de março de 114.
O culto a Santa Eudóxia permanece até hoje e sua festa foi mantida no dia 1º de março, data de sua morte. Entretanto, ela não está incluída no atual Martirológio Romano. Entre os Latinos esta Santa é pouco conhecida, mas nas igrejas orientais ela é objeto de muita veneração.
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