A
liturgia da Palavra deste domingo nos dá a dimensão da fé que cura o homem
todo. Temos a história de Naaman, o valoroso guerreiro que era leproso, e do
samaritano que curado da lepra volta para agradecer. Dos 10 leprosos que foram
curados, só o samaritano voltou. Só ele foi salvo. Jesus lhe diz: “Levanta-se e
vai! Tua fé te salvou”! (Lc
7,19). Notamos que ser curado não basta para ter a salvação. Sabemos que
muita gente ganhou milagres de Deus e não se converteu. Deus não nega o
milagre. Mas a salvação depende do reconhecimento da ação de Deus em Cristo. Nós é que não
sabemos aproveita-lo para nossa salvação. O agradecimento que Naaman apresenta
e a atitude reconhecida do samaritano são a prova que o milagre foi maior que a
cura: curou o coração, convertendo-o para Deus como diz o pagão Naaman:
“Permite que teu servo leve daqui terra que dois jumentos possam carregar. Pois
o teu servo já não oferecerá holocausto ou sacrifício a outros deuses, mas
somente O Senhor” (2Rs
5,17). O reconhecimento se torna culto a Deus. O outro leproso, “vendo-se curado voltou
glorificando a Deus em alta voz; e atirando-se aos pés de Jesus com o rosto por
terra, lhe agradeceu” (Lc
17,15). Aqui temos que repensar nosso relacionamento com Deus que, com
toda gratuidade, nos beneficia, inclusive com milagres. E queremos pagar
promessas a Deus achando que retribuímos ao que nos fez. Deus faz os milagres
que pedimos. E em que modificamos nossa vida tornando-a culto a Deus? Na oração
da Eucaristia de hoje nós pedimos que “nossas atividades sejam precedidas e
acompanhadas com a graça de Deus para que estejamos sempre atentos ao bem que
devemos fazer”.
Servidores de Deus
Paulo
indica a Timóteo que à gratuidade de Deus, dando-nos Jesus Cristo, deve
corresponder uma dedicação total, mesmo no maior sofrimento. Sofrer por Cristo
é a resposta a essa gratuidade e a garantia de nossa fé. Deus não quer o
sofrimento por Cristo, mas o acolhe na união com o sacrifício de Cristo: “Se
com Ele morrermos, com Ele viveremos. Se com Ele ficamos firmes, com Ele
reinaremos” (2Tm2,11-12). Eliseu tendo acolhido o general sírio, não
fez estardalhaço com o milagre, mas na humildade mandou que se lavasse no rio
Jordão. Não aceitou presentes porque sabia que era Deus quem agia. Não vendemos
os dons de Deus no exercício do ministério e também ninguém compra Deus com
ofertas, nem que sejam vultuosas. Todos fazemos nossa obrigação de abrir os
caminhos para que todos possam chegar a Deus.
Eucaristia continuada
Nossa
vida será eucarística não quando ficamos diante do Santíssimo (o que já é muito
bom), mas quando levamos pelo dia a fora o agradecimento a Deus por tudo o que
nos faz e somos capazes de agradecer às pessoas pelo que nos fazem. Salário não
paga o amor que uma pessoa dedica ao trabalho do emprego que lhe damos. Uma
Eucaristia é bem celebrada quando assumimos suas dinâmicas em nossos
relacionamentos. Por isso diziam dos primeiros cristãos: “Vede como se amam”.
Não é sem razão que o culto cristão se chama Eucaristia, isto é, Ação de
Graças. Damos graças a Deus oferecendo-lhe como resposta o próprio Filho em seu Sacrifício de
entrega total pela humanidade. Em cada missa dizemos: “Deus graças ao Senhor
Nosso Deus! É nosso dever e salvação”. Agradecer é tomar o caminho da Salvação.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário