A oração da missa dá a razão da
festa: “Celebrar numa só solenidade, os méritos de todos os santos” (oração). Só alguns santos
são lembrados no ano litúrgico. A Igreja reconhece com este momento celebrativo
a santidade de todo povo de Deus, da “imensa multidão de gente vinda de todas
as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9). Salvos por Jesus Cristo “vieram da grande tribulação e
lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). Subiram a
montanha do Senhor “porque têm mãos puras e inocentes o coração” (Sl 23). “Festejamos a
cidade do Céu... onde nossos irmãos, os santos, vos cercam e cantam eternamente
vosso louvor” (Prefácio).
Celebrando os santos, adoramos e admiramos a Deus, pois só Ele é Santo (Pós-Comunhão). Podemos
encontrar santos nos céus pois sabemos que a santidade se constrói na terra. Se
é festa de Todos os Santos é porque o povo de Deus é Santo. S. Pedro chama de
“nação santa” como já proclama Deus no livro do Êxodo (Ex 19,6 - 1Pd 2,9). É santo porque
Deus o escolheu para sim. Mas é santo também porque vive o caminho ensinado por
Jesus nas bem-aventuranças. Elas resumem em si o que é necessário para viver
como Jesus viveu. Este texto é o retrato falado de Jesus que vivia deste modo.
Podemos perceber que as bem-aventuranças traduzem bem a vida dos que são
simples para Deus e para o povo. Não há santidade onde não existe a sede de Deus
e o desejo do ar do Espírito. O exemplo de Jesus se manifesta na misericórdia
que é mansa, humilde, preocupada com os outros, promotora de paz e forte no
sofrimento pela justiça.
Filhos amados
João,
em sua carta, nos ensina que Deus nos fez o grande presente de nos chamar de
filhos e de fato somos. Sendo filhos temos a vida de Deus. Se agora já se
manifesta de modo tão maravilhoso, imaginemos o que será quando Cristo se
manifestar em sua Glória. A santidade dos filhos, recebida do Pai que os adotou
em Cristo, se manifesta na coerência de nossa vida com os ensinamentos de
Jesus. É uma resposta de amor ao Amor Divino. Todos os filhos de Deus são
chamados a viver na santidade. Esta santidade existe onde se pratica o bem e se
vive na justiça. Nessa multidão há gente nossa. Há gente que viveu longe da
Igreja, sem nunca ouvir falar de Jesus, mas foi visto e amado por Deus. Soube
amar e ensinou a verdade que lhe era ditada na consciência. A santidade não
pode ser de capa que disfarça nossa realidade pecaminosa. Mesmo sendo pecadores
podemos crescer em santidade aprendendo a voltar a Deus depois de pecar.
Nossos intercessores
Participamos
da Vida de Deus e de sua preocupação para com todos os que necessitam de Seu
amor e de Seu socorro. S. Paulo nos ensina na 1ª Coríntios que formamos a
Igreja como membros do Corpo de Cristo cada um em sua função. Diz: “Se um
membro sofre todos compartilham seu sofrimento. Se um membro é honrado, todos
os membros compartilham sua alegria” (1Cor 12,26). Quando um membro do corpo está doente, todo corpo
sente e converge a energia para a cura do frágil. Participamos da vida de
Cristo que é salvador e intercessor (Hb 7,25). Assim podemos dizer dos santos: “Contemplamos tantos
membros da Igreja que nos dais como exemplo e intercessão” (Prefácio). Como
podemos rezar uns pelos outros na terra, mais ainda nos céus, onde viveremos
unidos ao Cristo Mediador e Intercessor. A caridade de Deus se manifesta em
Seus santos. Entre estes santos brilha a Virgem Maria que em Cristo é a
primeira.
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