Evangelho
segundo S. Mateus 18,21-35.
Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e
perguntou-Lhe: «Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até
sete vezes?». Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei que quis ajustar contas
com os seus servos. Logo de começo, apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido, com a mulher, os
filhos e tudo quanto possuía, para assim pagar a dívida. Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo: ‘Senhor, concede-me um prazo e tudo
te pagarei’. Cheio de compaixão, o senhor daquele servo deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a
dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários.
Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo: ‘Paga o que me deves’. Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo: ‘Concede-me um
prazo e pagar-te-ei’. Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto
devia. Testemunhas desta cena, os seus companheiros ficaram muito tristes e foram
contar ao senhor tudo o que havia sucedido. Então, o senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me
devias, porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão
de ti?’. E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe
devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu
irmão de todo o coração».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Francisco de Sales (1567-1622),
bispo de Genebra, doutor da Igreja
Sermão para a Sexta-Feira Santa, 25/03/1622
Perdoar aos irmãos de todo
o coração
A primeira palavra que Nosso Senhor
pronunciou sobre a cruz foi uma oração por quem O crucificava, fazendo o que
diz este texto de S. Paulo «Nos dias da sua vida terrena, apresentou orações e
súplicas» (Heb 5,7). Certamente que aqueles que crucificaram o nosso divino
Salvador não O conheciam [...], porque se O tivessem conhecido não O teriam
crucificado (1Cor 2,8). Por conseguinte, Nosso Senhor, vendo a ignorância e a
fraqueza daqueles que O torturavam, começou a desculpá-los e ofereceu por eles
esse sacrifício a seu Pai celeste, porque a oração é um sacrifício [...]:
«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). Tão grande era a
chama de amor que ardia no coração do nosso manso Salvador, que na mais suprema
das suas dores, no momento onde a intensidade dos tormentos parecia impedi-lo
de rezar por Si, pela força do seu amor, esquece-Se de Si próprio, mas não das
suas criaturas. [...] Com isso, desejava que compreendêssemos que o amor que nos tem não pode ser
enfraquecido por nenhum tipo de sofrimento, e ensinar-nos qual é o dever do
nosso coração para com o nosso próximo. [...] E o divino Senhor, que Se
empenhou em pedir perdão para os homens, foi certamente ouvido e o seu pedido
atendido, porque seu divino Pai não podia recusar-Lhe nada que Ele Lhe pedisse.
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