Evangelho
segundo S. Lucas 18,9-14.
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns
que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os
outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu;
mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou
pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque
todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja
«Sobre o governo da alma»
As lágrimas e o desejo
Ó alma, que choras os teus pecados, teme o
juízo divino, que é um abismo profundo. Teme vivamente, ainda que já sejas
penitente, voltar a desagradar a Deus. Teme mais ainda, mesmo agora, ofender
novamente a Deus. Teme acima de tudo seres finalmente separada de Deus, privada
para sempre da luz, ardendo para sempre no fogo e roída pelo verme que não
morrerá. Teme tudo isso, se uma penitência verdadeira te não obtiver que morras
em graça, e canta com o profeta: «O meu corpo estremece de temor na tua
presença, e os teus decretos inspiram-me respeito.» (Sl 118, 120).Entretanto, deseja os dons celestes. Eleva-te pela chama do amor divino até
Deus, que tão pacientemente suportou os teus pecados, te esperou com tanta
longanimidade e te reconduziu à penitência com tal misericórdia, pelo perdão, a
infusão da graça e a promessa da coroa eterna. Ele apenas te pede que Lhe
ofereças, ou antes, que dele recebas para Lhe oferecer, o sacrifício de um
espírito contrito, de um coração contrito e arrependido (cf Sl 50,19) por
amarga compunção, por uma confissão sincera e uma satisfação justa. Deseja com ardor que Deus te prove o seu amor com uma ampla comunicação do
Espírito Santo. Deseja com mais ardor ser-Lhe conforme por via de uma fiel
imitação de Jesus crucificado. Acima de tudo, deseja possuir Deus na visão
clara do Pai eterno, a fim de que possas, em verdade, cantar com o profeta: «A
minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo! Quando poderei contemplar a face de
Deus?» (Sl 41,3)
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