PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
Amar sem medidas
Alguém quis
provocar Jesus, perguntando qual era o primeiro dos mandamentos, isto é, o
centro da fé. Jesus não responde com uma teoria, mas com seu modo de ser e de
agir, usando a magnífica parábola do bom samaritano. Se esse era bom
samaritano, qual era o ruim? Os samaritanos tem uma história muito antiga. Mais
de 1000 anos antes de Cristo, o povo de Israel era dividido em 12 tribos. Foram
então unificados sob Saul e Davi. No ano 930, quando morre Salomão, 10 tribos,
as do norte, se separaram e criaram o Reino de Israel, com capital em Samaria.
No ano 722, foram dominados pelos assírios e a população foi deportada e, em
seu lugar, foram colocados povos pagãos que misturaram paganismo com judaísmo.
Os samaritanos eram tidos como heréticos. Atualmente há uns 200 samaritanos que
cultuam Deus no monte Garizim. Só aceitam os cinco primeiros livros da Bíblia.
Por essa mistura que ocorreu com os pagãos, eram tidos como maus pelos judeus.
Ao responder sobre o maior mandamento Jesus apresenta uma parábola onde narra
que um homem foi atacado ferido, roubado e abandonado. Passou um sacerdote, viu
e passou. Passou um levita, gente ligada ao templo. Viu e passou adiante. Veio
o samaritano (aquele mau para os judeus), viu, parou, teve compaixão, cuidou do
ferido, levou para a hospedaria e deixou dinheiro para que continuassem cuidado
até que voltasse. Quem é o próximo do homem ferido? “É aquele que teve
compaixão”, responde o homem que o interrogara. Jesus completa: “Vai e faze o
mesmo”! Jesus ensina que somos próximos do necessitado. Não existe amor que não
seja até o fim, como fez Jesus que nos amou até o extremo do amor. Ele é o bom
samaritano. Ele é imagem do Deus invisível. Nele reside a plenitude de todos os
bens. Ele, na sua plenitude, ensina a plenitude do amor.
O mandamento mais fácil
Deus mesmo
deixou-nos claro que seus mandamentos não são difíceis e todos podem
realizá-los. Deus não deu mandamentos para fazer as pessoas sofrerem, mas para
promover o que há de melhor dentro delas que é o amor a Deus e ao próximo. Por
isso, a parábola ensina que o amor a Deus, ser bom, ter compaixão, acontece
quando o fazemos para as pessoas necessitadas. Amor não se reduz a um
sentimento, mas é um sentimento que passa à realidade. Jamais uma fé será
verdadeira se não se transforma em amor, o que lhe dá a certeza da vida eterna.
Jesus, o bom samaritano, abaixou-se sobre a criatura humana ferida, lavou-a com
seu sangue, e conduziu para a salvação. Caridade é cuidar das pessoas e
encaminhar a solução. Pela falta desta consequência, a religião perde todo seu
caráter de testemunho. Os necessitados são os muitos sofredores de nossa
sociedade.
Fazendo
a diferença
É sabido que a Igreja Católica é a instituição que
mais ação caritativa e social faz pelo mundo. Sabemos que os santos da Igreja
foram os que se dedicaram aos necessitados. Corremos o risco de apoiar nossa fé
em devoções, liturgias fora da realidade do povo, doutrinas que são bonitas,
mas que não levam ao real da vida. Vemos tanta diferença entre o modo de ser de
Jesus e o nosso. Ele fez a diferença. Por isso foi morto. Vemos o ateísmo
crescendo nas sociedades que foram cristãs. Não será porque não queremos compromisso
com os necessitados? Ou porque fizemos uma religião de fachada? Temos a missão
de reconciliar o Universo. Esta se dará no
gesto de amor concreto. Isso faz a diferença.
Nenhum comentário:
Postar um comentário