sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Vai e faze o mesmo!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Amar sem medidas
Alguém quis provocar Jesus, perguntando qual era o primeiro dos mandamentos, isto é, o centro da fé. Jesus não responde com uma teoria, mas com seu modo de ser e de agir, usando a magnífica parábola do bom samaritano. Se esse era bom samaritano, qual era o ruim? Os samaritanos tem uma história muito antiga. Mais de 1000 anos antes de Cristo, o povo de Israel era dividido em 12 tribos. Foram então unificados sob Saul e Davi. No ano 930, quando morre Salomão, 10 tribos, as do norte, se separaram e criaram o Reino de Israel, com capital em Samaria. No ano 722, foram dominados pelos assírios e a população foi deportada e, em seu lugar, foram colocados povos pagãos que misturaram paganismo com judaísmo. Os samaritanos eram tidos como heréticos. Atualmente há uns 200 samaritanos que cultuam Deus no monte Garizim. Só aceitam os cinco primeiros livros da Bíblia. Por essa mistura que ocorreu com os pagãos, eram tidos como maus pelos judeus. Ao responder sobre o maior mandamento Jesus apresenta uma parábola onde narra que um homem foi atacado ferido, roubado e abandonado. Passou um sacerdote, viu e passou. Passou um levita, gente ligada ao templo. Viu e passou adiante. Veio o samaritano (aquele mau para os judeus), viu, parou, teve compaixão, cuidou do ferido, levou para a hospedaria e deixou dinheiro para que continuassem cuidado até que voltasse. Quem é o próximo do homem ferido? “É aquele que teve compaixão”, responde o homem que o interrogara. Jesus completa: “Vai e faze o mesmo”! Jesus ensina que somos próximos do necessitado. Não existe amor que não seja até o fim, como fez Jesus que nos amou até o extremo do amor. Ele é o bom samaritano. Ele é imagem do Deus invisível. Nele reside a plenitude de todos os bens. Ele, na sua plenitude, ensina a plenitude do amor.
O mandamento mais fácil
Deus mesmo deixou-nos claro que seus mandamentos não são difíceis e todos podem realizá-los. Deus não deu mandamentos para fazer as pessoas sofrerem, mas para promover o que há de melhor dentro delas que é o amor a Deus e ao próximo. Por isso, a parábola ensina que o amor a Deus, ser bom, ter compaixão, acontece quando o fazemos para as pessoas necessitadas. Amor não se reduz a um sentimento, mas é um sentimento que passa à realidade. Jamais uma fé será verdadeira se não se transforma em amor, o que lhe dá a certeza da vida eterna. Jesus, o bom samaritano, abaixou-se sobre a criatura humana ferida, lavou-a com seu sangue, e conduziu para a salvação. Caridade é cuidar das pessoas e encaminhar a solução. Pela falta desta consequência, a religião perde todo seu caráter de testemunho. Os necessitados são os muitos sofredores de nossa sociedade.
Fazendo a diferença
É sabido que a Igreja Católica é a instituição que mais ação caritativa e social faz pelo mundo. Sabemos que os santos da Igreja foram os que se dedicaram aos necessitados. Corremos o risco de apoiar nossa fé em devoções, liturgias fora da realidade do povo, doutrinas que são bonitas, mas que não levam ao real da vida. Vemos tanta diferença entre o modo de ser de Jesus e o nosso. Ele fez a diferença. Por isso foi morto. Vemos o ateísmo crescendo nas sociedades que foram cristãs. Não será porque não queremos compromisso com os necessitados? Ou porque fizemos uma religião de fachada? Temos a missão de reconciliar o Universo. Esta se dará no gesto de amor concretoIsso faz a diferença.

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