Quando se fala de religião, fé, moral e espiritualidade, dá-se a impressão de proibição, com um solene não. Embora pareça bloqueio, é libertação do que nos oprime para a escolha de algo que liberta. Quando ouvimos Não matar, entendemos libertar para dar vida e ter vida. Jesus, ao mostrar as exigências de seu seguimento, quer tudo ou nada. Tem que pensar antes de assumir o seguimento, como explica através das parábolas do rei que vai para a guerra e tem que avaliar seu poder de força e o construtor da torre analisar suas condições para a construção. E completa com a explicação: “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33). Não dá para seguir Jesus pela metade, colocando reservas a seu ensinamento. Isso é um péssimo contributo para a evangelização, apresentando um Jesus retalhado e um evangelho espedaçado. O desapego não significa ódio à família nem a si mesmo nem aos bens. A cultura do tempo de Jesus falava por opostos. Trata-se de dar preferência, de acordo com a o pensamento hebraico. Que Jesus e sua Palavra sejam o ponto de partida da vida e o sentido de tudo que fazemos. É isto que dá vida. Vimos na história do jovem rico que a exigência de Jesus não lhe agradou. Jesus gostou dele. O moço era uma pessoa boa (Mt 19,17). A solução está em colocar família, bens e a própria vida no seguimento de Jesus. Nossa fé perde a força de testemunho quando a vivemos por pedaços. Apresenta a cruz como o modo de segui-lo: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meus discípulos” (Lc 14,27). Carregar a cruz significa caminhar com o mesmo amor de serviço com o qual Ele nos deu a redenção.
O corpo pesa sobre a alma
Vivemos a condição humana marcada pela fragilidade espiritual fruto do pecado original e dos pecados que acrescentamos à maré de males que há no mundo. Ensinados pela Sabedoria podemos conhecer o desígnio de Deus. Ela nos ensina que, se temos dificuldades de conhecer o que há na terra, como investigar os céus? (Sb 9,16). O autor reconhece que o corpo corruptível torna pesada a alma e a tenda de argila oprime a mente que pensa (Sb 9,15). O salmo 89 reflete esta fragilidade do ser humano comparando-o à erva e ao sono da manhã. Tudo passa e tudo é frágil. Mas já podemos conhecer o desígnio de Deus, pois nos foi dada a Sabedoria do Espírito Santo. O homem é frágil, mas tem a consistência do Espírito que age nele. E o Sábio conclui que nossos caminhos se tornam retos e aprendemos a agradar a Deus. É o que pudemos ver na carta de Paulo a Filemon. Nela mostra que a fé penetra as decisões humanas. A fé pode orientar nossa vida em todos seus segmentos. Mesmo que pese sobre nós a fragilidade, podemos ter a força da fé.
A fé destrói barreiras
Rezamos no salmo: “Ensinai-nos a contar nossos dias dai ao nosso coração sabedoria” (Sl 89). E rezamos na oração da missa: “Concedei aos que creem em Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna”. Depois de fazermos a mudança de vida nós o escolhemos. A fé em Jesus destrói as barreiras e os pesos que sofremos por conta da natureza humana frágil e pecadora. Depois de termos escolhido Jesus, temos mais condições de acertar do que riscos de errar. Os erros que cometemos não atingem a substância de nossa alma no seu relacionamento com Deus. Em cada missa recebemos o Corpo do Senhor que é purificação e sustento. Somos ensinados por Deus.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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