Estamos procurando como compreender
a Palavra de Deus. É certo que Deus não deu um alimento inacessível a seu povo.
A Palavra está perto de nós, como está escrito no livro do Deuteronômio: “A
palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires”
(Dt 30,14).
Todos têm acesso. Não há o que possa impedir o acesso completo a Deus através
de sua Palavra. Esta aproximação da Palavra de Deus será ainda maior se
compreendermos mais o sentido do texto como foi escrito. Ela é para todos os
tempos, mas surgiu em um tempo muito concreto. Não podemos ler o texto como se
fosse escrito hoje. Mesmo dentro da própria Bíblia há diferença de tempos em
que foram redigidos os textos. Basta ver que temos, no livro do Gênesis, duas
narrações diferentes da criação. Por isso temos que conhecer melhor o
significado que tinha naquele momento, pois podemos até interpretar errado. O Concílio
Vaticano II, na Dei Verbum
ensinou: “Como Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira
humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis
comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos (Escritores a
Bíblia) realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio
das suas palavras” (DV
12). Podemos sempre interpretar, mas a interpretação só será completa
quando buscarmos o sentido original. É certo que Deus dá o Espírito, mas, como
Jesus era Homem Deus, Sua palavra é divina, mas também humana. É necessária
essa compreensão também do sentido humano. É preciso formação para saber que
tipo de gênero literário é usado pelo autor. É uma questão básica. “A Escritura
deve ser interpretada no mesmo Espírito em que foi escrita” (VD 34). Para isso devemos
ter presentes três critérios: 1º- A
unidade de toda Escritura. Ela é um todo; 2º - Ter presente a Tradição viva de
toda a Igreja, isto é, como foi entendido este texto através dos tempos; 3º - Ter
diante dos olhos a ciência e a fé. A ciência ajuda a conhecer e a fé ajuda a
viver. Por isso é necessária a formação. A primeira delas é ler o texto
sagrado. A Bíblia explica a Bíblia.
1218.
Saber estudar sob o Espírito.
O
estudo é importantíssimo. A Palavra de Deus não pode ser considerada como um
texto do passado a ser analisado e estudado como literatura ou história. É um
belo trabalho, mas não suficiente. Assim não se pode compreender o
acontecimento da revelação através da Palavra que nos é transmitida pela
Tradição e Escritura (VD
35). Desaparece o divino ou é reduzido ao puramente humano. Negam-se as
verdades fundamentais da fé em um Deus que entrou na realidade humana. Não
podemos deixar de lado o estudo sério da Palavra de Deus sob o ponto das
ciências humanas cuidando só do espiritual. Conhecendo o texto no seu conteúdo
podemos vivê-lo melhor.
1219.
Direito à formação
Desde
o final do século XXIX começou um forte empenho de estudos bíblicos. Com o
Vaticano II recebemos a forte orientação: “É necessário, por isso, que todos...
os que se consagram legìtimamente ao ministério da palavra, mantenham um
contacto íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo
acurado, a fim de que nenhum deles se torne ‘pregador vão e superficial da
palavra de Deus, por não a ouvir de dentro’” (DV 25). Encontramos por toda parte a
insistência de os leigos para serem formados e a insistência de proporcionar
esta formação. São poucos os lugares que oferecem formação bíblica ao povo. Há
tantas possibilidades. Qual delas podemos usar?
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