quinta-feira, 16 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Uma casa para Deus”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1196. Em Maria, a renovação
            Durante séculos Deus preparou o povo e o mundo para a vinda de Seu Filho. No momento de Sua chegada, para que Ele tivesse uma casa de acordo com Seu coração de Pai, preparou Sua Mãe. Como Eva falhou em sua missão, veio a nova Eva cuja descendência pisou a cabeça da serpente. Para Adão, Deus fez um jardim de paraíso. Para Davi Deus fez uma casa. Para Jesus fez uma casa no coração e no corpo de Maria. Para Si, Ele fez, no coração do homem Seu paraíso. A Imaculada Conceição abriu não só uma casa, mas a salvação para todos. Por isso celebramos com tanto carinho esta festa. O dogma da Imaculada Conceição não é só um privilégio de Maria, mas é um fato unido à vida de Cristo que faz parte da fé da Igreja como algo necessário. Não se trata de uma devoção. Se a Igreja o declarou, foi porque houve quem duvidasse. A vida de Maria, a partir de sua concepção, está voltada para a Palavra, pois assim reflete a Igreja: “Vivendo intimamente permeada pela Palavra de Deus, Ela pôde tornar-Se mãe da Palavra encarnada” (VD 28). Deixar Maria fora do Mistério da Redenção é desconhecer Cristo. Para a renovação da Igreja à luz da Palavra requer-se compreender como Maria a viveu e como nos ensina.
1197. Modelo perfeito.
            Deus criou o ser humano por meio de Seu Filho. Ele encontra um modelo na fé obediente de Maria que sempre foi disponível à vontade de Deus. A Palavra criadora de Deus a fez Imaculada. Colaborou com o dom pleno de Deus que a fez «cheia de graça» (L c 1,28), e foi dócil à Palavra Divina (L c 1,38). Sua vida foi se formando na fé obediente à iniciativa de Deus. Viveu em sintonia com a Palavra Divina. Isso nós o sabemos porque conservava em seu coração os acontecimentos do seu Filho (L c 2,19.51). Na realidade, a encarnação do Verbo não pode ser pensada sem levar em conta a liberdade desta mulher que, com o seu consentimento, cooperou de modo decisivo para a entrada do Eterno no tempo (VD 27). Para ela era mais importante viver a Palavra que ter todos os dons que lhe foram dados graciosamente por Deus. Maria, discípula, é modelo para todos os cristãos, em todas as circunstâncias. Sua grandeza não é só pelo dom precioso que recebeu, mas também por ter sido plenamente. Ela é uma Palavra de Deus para nós.
1198. Imitando Maria
Tendo vivido nossa condição, ela nos ensina estarmos atentos à escuta da Palavra de Deus que nela Se fez carne. Dizemos que ela concebeu Deus no coração, depois no seio. A Palavra em Maria não é intimista, mas vivida no meio do povo. Vemos em Caná como viu a necessidade dos noivos. Estava sempre em companhia das outras mulheres e dos discípulos. Ela é também símbolo da abertura a Deus e aos outros. A cena da visita mostra o sentido de ter Deus em nós: preocupar-se com os outros. Escutar a Palavra e colocá-la em prática é seu modo de viver, como bem disse Jesus: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,28). Se não disse referindo-se a Ela, coloca-a como primeira discípula. Como nos recorda Santo Ambrósio, cada cristão que crê, em certo sentido, concebe e gera em si mesmo o Verbo de Deus: se há uma só Mãe de Cristo segundo a carne, segundo a fé, porém, Cristo é o fruto de todos. Portanto, o que aconteceu em Maria pode acontecer em cada um de nós na escuta da Palavra e na celebração dos Sacramentos que levam à vida.

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