Durante séculos Deus preparou o povo e o mundo para a vinda de Seu
Filho. No momento de Sua chegada, para que Ele tivesse uma casa de acordo com Seu
coração de Pai, preparou Sua Mãe. Como Eva falhou em sua missão, veio a nova
Eva cuja descendência pisou a cabeça da serpente. Para Adão, Deus fez um jardim
de paraíso. Para Davi Deus fez uma casa. Para Jesus fez uma casa no coração e
no corpo de Maria. Para Si, Ele fez, no coração do homem Seu paraíso. A
Imaculada Conceição abriu não só uma casa, mas a salvação para todos. Por isso
celebramos com tanto carinho esta festa. O dogma da Imaculada Conceição não é
só um privilégio de Maria, mas é um fato unido à vida de Cristo que faz parte
da fé da Igreja como algo necessário. Não se trata de uma devoção. Se a Igreja
o declarou, foi porque houve quem duvidasse. A vida de Maria, a partir de sua
concepção, está voltada para a Palavra, pois assim reflete a Igreja: “Vivendo intimamente
permeada pela Palavra de Deus, Ela pôde tornar-Se mãe da Palavra encarnada” (VD 28). Deixar Maria fora do Mistério da Redenção é
desconhecer Cristo. Para a renovação da Igreja à luz da Palavra requer-se
compreender como Maria a viveu e como nos ensina.
1197. Modelo perfeito.
Deus
criou o ser humano por meio de Seu Filho. Ele encontra um modelo na fé
obediente de Maria que sempre foi disponível à vontade de Deus. A Palavra criadora
de Deus a fez Imaculada. Colaborou com o dom pleno de Deus que a fez «cheia de
graça» (L c 1,28), e foi dócil à Palavra Divina (L c 1,38). Sua vida foi se
formando na fé obediente à iniciativa de Deus. Viveu em sintonia com a Palavra
Divina. Isso nós o sabemos porque conservava em seu coração os acontecimentos
do seu Filho (L c 2,19.51). Na realidade, a encarnação do Verbo não pode ser
pensada sem levar em conta a liberdade desta mulher que, com o seu consentimento,
cooperou de modo decisivo para a entrada do Eterno no tempo (VD 27). Para ela era mais importante viver a Palavra que
ter todos os dons que lhe foram dados graciosamente por Deus. Maria, discípula,
é modelo para todos os cristãos, em todas as circunstâncias. Sua grandeza não é
só pelo dom precioso que recebeu, mas também por ter sido plenamente. Ela é uma
Palavra de Deus para nós.
1198. Imitando Maria
Tendo
vivido nossa condição, ela nos ensina estarmos atentos à escuta da Palavra de
Deus que nela Se fez carne. Dizemos que ela concebeu Deus no coração, depois no
seio. A Palavra em Maria não é intimista, mas vivida no meio do povo. Vemos em
Caná como viu a necessidade dos noivos. Estava sempre em companhia das outras
mulheres e dos discípulos. Ela é também símbolo da abertura a Deus e aos
outros. A cena da visita mostra o sentido de ter Deus em nós: preocupar-se com
os outros. Escutar a Palavra e colocá-la em prática é seu modo de viver, como
bem disse Jesus: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,28). Se não disse referindo-se a Ela, coloca-a como
primeira discípula. Como nos recorda Santo Ambrósio, cada cristão que crê, em
certo sentido, concebe e gera em si mesmo o Verbo de Deus: se há uma só Mãe de
Cristo segundo a carne, segundo a fé, porém, Cristo é o fruto de todos.
Portanto, o que aconteceu em Maria pode acontecer em cada um de nós na escuta
da Palavra e na celebração dos Sacramentos que levam à vida.
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