Com
grande alegria a Igreja reconhece o crescimento que houve no amor e no uso das
Sagradas Escrituras. Podemos lembrar que, muitas vezes, a Palavra de Deus era
um argumento a mais para provar as idéias. Ela vinha junto de outros autores
respeitáveis e competentes. O Concílio Vaticano II mandou que os estudos
tivessem como primeiro fundamento a Palavra de Deus. Não se nega que não
houvesse interesse no uso correto da Palavra de Deus. Assim ela se tornou sempre mais a alma de
todo estudo da Verdade. Os estudos da fé
que não têm fundamento na Escritura, perdem o sentido e podem não passar de uma
ideologia. Fundar-se na Palavra não é fazer da Palavra um simples apoio a
nossas idéias. Pegar um texto e querer que ele prove o que pensamos, pode ser
arriscado. A Escritura é fundamento, quando é vida e quando a ela entregamos
nosso coração e a tomamos como guia. Assumimos como um todo e não com frases
soltas. Por isso ensina o Concílio na Dei Verbum: “O estudo dos livros sagrados
deve ser como que a alma da sagrada teologia” (DV 24 –VD 31). O estudo da Escritura é muito
exigente e muito bonito. Nisso contribuem tantos homens de fé tanto católicos
como de outras Igrejas, peritos em tantas ciências que fazem das Escrituras o
Pão do Céu e o pão da mesa, vivendo da Palavra de Deus. Isso é um estímulo
muito grande para que também nós, menos preparados, nos dediquemos a esse
estudo. Não basta abrir a Bíblia. É preciso também abrir o coração e a
inteligência. É um convite insistente aos pregadores para se aprofundarem
nessas Sagradas Letras e alimentarem o povo. Se explicarmos bem, o povo entende
e leva ao coração. Já se deu um passo usando a língua do povo. Quem participa
sempre das celebrações lê 90 % da Escritura. Ela se torna o centro da vida e das
reflexões sobre a Verdade.
1215.
Ensina a Palavra
Paulo
insiste com seu jovem colaborador Timóteo que colocara à frente das comunidades
de uma região: “Ensina a Palavra, insiste a tempo e fora de tempo” (2Tm 4,2). É missão da
Igreja ensinar a Palavra. Por Igreja entendemos todos os que puderam aprender
um pouco mais. Temos que evitar todo tipo de fundamentalismo. Vemos o quanto
tem feito mal às pessoas esta praga do fundamentalismo. O próprio Jesus ensinou
a ler as Escrituras quando recrimina seus opositores que pegavam as palavras ao
pé da letra e se esqueciam de seu sentido. Erram os que abrem a Bíblia ao acaso
para procurar a verdade sobre uma pessoa ou situação. A Palavra sempre tem
profundos sentidos, mas não podemos pecar, tentando a Deus, forçando que diga o
que queremos dizer. Quantas vezes se ouve o povo reclamar que o padre não
explica o evangelho! É necessário um empenho maior no ensino da Palavra, como
Paulo insiste: a todo tempo.
1216. O Verbo se fez carne
A Encarnação de Jesus foi um fato histórico. Por isso também a Bíblia
exige métodos apropriados. Podemos aprender dos que estudam. Cada época dá sua
contribuição. Não podemos nos fixar em um passado, mas aprender de todas as
épocas e das diversas ciências. Na TV aparecem certas afirmações sem fundamento
e que muitos aceitam sem crítica. Por isso é preciso o estudo. Mas também não
basta só a interpretação espiritual, sem o trabalho das ciências. Jesus viveu
em um tempo, como a Escritura foi escrita em tempos diversos. Não mudamos a
Palavra, mas a tornamos atual com o valor humano e divino. Os entendidos nos
ajudam, mas também também a beleza do Espírito que nos introduz em sua
compreensão.
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