Próximos
do Natal, celebração da Manifestação de Deus à humanidade, lemos a visita de
Maria a Isabel. Não é uma historinha de família. É Deus que visita o seu povo. “Luz do alto que nos veio visitar”,
canta Zacarias (Lc
1,78). Maria, como nova arca da Aliança, traz em si o Eterno e vai ao
encontro da abandonada que foi visitada por Deus; E lhe dá o Espírito Santo que
enche de júbilo também o filho que tem no seio, João Batista. A oração da missa nos leva a compreender
o mistério de Cristo como um todo: “Conhecendo a Encarnação, cheguemos, por sua
Paixão e Cruz, á glória da Ressurreição”. A profecia de Miquéias revela que a
pequenez de Belém dará o dominador de Israel. Deus não deixará seu povo no
abandono (Mq 5,1-4ª).
O povo, no sofrimento clama para que o Senhor volte e visite seu povo (Sl 79). Deus ouve a
oração de Isabel e lhe dá um filho. Maria, virgem, recebe de Deus um filho. A
visita de Maria é revelação da presença de Deus que visita seu povo. Isabel
proclama que a fé de Maria lhe garante a realização das promessas. Ela é
símbolo do povo que crê e é visitado por Deus que cumpre suas promessas. Isabel
proclama a bem-aventurança de Maria e sua maior prerrogativa: “A Mãe de meu
Senhor”. Esta palavra significa Senhor Deus. Maria está no mistério da Salvação
como a discípula que crê e como a Mãe que dá a humanidade ao Filho de Deus.
Rezamos no prefácio da missa: “Em Maria nos é dada a Graça que por Eva tínhamos
perdido”. A Graça é Jesus. Maria, que fora tocada pelo Espírito de Deus O dá a
Isabel. Dá o Espírito a João que salta de alegria. Perguntamos: “Quem se
aproxima de nós sente a força do Espírito que temos no coração?”. Nossa missão
no tempo do Natal é oferecer o Espírito como Dom.
Sacrifício da vontade
A
unidade do Mistério Pascal de Cristo está em sua vontade redentora, pois em cada
etapa de Sua vida, todo seu Ser estava voltado para o Pai em sua permanente
entrega: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade
Daquele que me enviou” (Jo,6,38).
Seu sacrifício começou na Encarnação. Lemos na carta aos Hebreus: “Eis que
venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua
vontade”. (Hb 10,7). Maria, após receber o anúncio do
Anjo, corre com grande caridade à casa de Isabel. Está unida à Caridade de
nosso Deus em Cristo que é comunicar a Palavra. Essa Palavra que traz em seu
seio Virginal comunica o Espírito Santo a Isabel e lhe dá a fé para reconhecer
o Filho de Deus. Realiza em João neste momento a vontade redentora. Maria é a
arca da divina presença, como foi a Arca da Aliança pelos montes de Israel (1 Cr 13,14).
Tempos de restauração
Profeta
Miquéias anuncia a paz: “Os homens
viverão em paz” (Mq
5,3). Mundo
sem violência. O próprio nascimento de Jesus é uma lição de convivência, amor e
respeito à vida. Todos tiveram espaço perto do Menino. Quem sabe a gente
pudesse restaurar um mundo para os pobres e pequeninos. Não haverá renovação
sem o Espírito Santo. É preciso deixar que o Espírito irrompa em nossa vida, e
que esta se faça dócil à Palavra que traz a vinda do Senhor. As palavras de
Maria “Eis a serva do Senhor” valem hoje para nós. É necessário crer que o
mundo é possível e que a Igreja se restaure. Por isso somos chamados a ver o valor
do desapego e da pobreza do Natal. É necessária uma Igreja voltada para o povo e
não para ideologias e ritos. Vamos celebrar bem a festa da salvação.
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