segunda-feira, 16 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Uma imagem que fala”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1948. Contemplando para amar
                        Há momentos em que o olhar substitui todas as palavras. Diante da imagenzinha de N.S.Aparecida sou convidado a contemplar. São poucos centímetros de altura. Vale a pena conhecer os detalhes de sua história. Ficamos contemplando. Ela é bonita e feita com muito sentimento que se expressa, à primeira vista, em seu discreto sorriso de mãe. É um primeiro passo para entrar nesse mistério da manifestação de Deus através de sua Mãe, Maria. A bondade de Deus se mostra como encanto por sua misericórdia para com todos. Deus não tem ódio do ser humano. Ela o ama, pois o fez assim. A firmeza do olhar recorda a certeza de um Deus que é próximo. Não usa Anjos ou seres assustadores, mas sua própria Mãe. Jesus dá o primeiro testemunho de sua obra de redenção como Filho amoroso. A serenidade do rosto de Maria é fruto de seu encontro por Deus que acontece no olhar permanente sobre seu Filho. Olhar que cuida, ama e protege. O porte bonito apresentado pela imagem mostra que a beleza de Deus é para nossa alegria e prazer. Ser de Deus é mais gostoso. As vestes belas, soltas e livres deixam ver que Deus em nós é prazer e alegria, leveza e candura. Desde o primeiro instante de seu encontro com os pescadores foi só alegria. Aqueles homens se alegraram com os peixes, mas muito mais pelo carinho de Deus para com eles. Conheceram Deus mais pelo amor que pelo milagre. Os milagres passam, o amor fica. As mãos postas em oração revelam a atitude permanente de Maria que reza por nós, mais ainda, que reza conosco: Vamos rezar, filhos!
1949. Aprendendo a lição
              A veneração dos santos não é adoração, mas o reconhecimento de Deus através de um sinal acessível a nossa compreensão. A fé não se faz somente em nossa mente ou em nossa fé intelectual. Como dizemos: vemos com as mãos e cremos com todo nosso corpo. Tirar os sinais sensíveis é negar a Encarnação de Jesus que se fez homem em nossa realidade. João diz: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida...” (1Jo 1,1). João diz que creu com as mãos, com os olhos e ouvidos. Assim os símbolos religiosos se tornam um ensinamento. No encontro da imagem vemos muito de fraternidade. Ninguém a fez para si. Por isso ela se fez para todos. Como o Pai do Céu tem cuidado dos pequeninos, vemos no encontro da imagem e em toda a história dessa devoção, que são os pequenos e humildes que buscam. Assim era com Jesus: Tal Mãe, tal Filho. A fé que remove montanhas (Mt 17,20-21) é a força da fé humilde. Creram e continuam crendo com simplicidade. A humildade fez os pescadores se perguntarem: “Por que justamente a nós ela quis se mostrar dessa forma?”. São justamente esses os prediletos das ações de Deus. O orgulho assusta até Deus. Terão se alegrado grandemente no profundo de seus corações pelas predileções de Deus. Os milagres se repetem em abundância.
1950. A Mãe brasileira
            Os Papas, de modo particular Papa Francisco, demonstraram seu carinho e atenção para com Aparecida. Este foi de um carinho especial para com a querida imagem. O símbolo não diminui a fé, e abre espaço para um desenvolvimento integral da mesma fé. Por isso o povo brasileiro se identificou tanto com N.S.Aparecida. Ela é tipo branco, cor negra e cabelos de índio. Todos se identificam com ela. Somos parecidos com a Mãe. Vamos à casa da Mãe, dizem os romeiros. Aqui se sentem em casa. Testemunhamos esse sentimento quando transitam pelo santuário. É bonito ver as pessoas andando ajoelhadas. Vi uma senhora se arrastando deitada ao solo. Cada um se faz pequeno agradecendo o grande dom do milagre que recebeu.
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