Os textos da liturgia de hoje nos
ensinam como Deus age: Os 70 anciãos que Moisés reuniu para estarem com Deus
ficaram cheios do Espírito Santo e profetizavam. Dois deles não estavam com o
grupo, mas também receberam o Espírito Santo. Josué, vendo que estavam
profetizando fora do grupo, correu a contar a Moisés. Este não se preocupa e
diz: “Oxalá todo povo de Deus fosse profeta, dando-lhe o Senhor seu Espírito” (Nm
11,29).
O mesmo lemos no evangelho: Havia gente curando em nome de Jesus e não era
discípulo. João conta para Jesus como sendo uma coisa errada. Ele não proíbe, e
diz que quem não é contra é a favor (Mc 9,38-40).
Podemos
ver neste texto o fechamento da comunidade que quer controlar a ação de Deus.
Ninguém é dono de Jesus. Onde está o Espírito Santo ali está Deus, ali está o
Reino. O Espírito atua onde quer e como quer (Jo Jo
38).
Nós podemos dizer que temos o ensinamento completo para a salvação, mas a
salvação está onde Deus quer. Quem faz o bem, pratica a justiça e o amor, está
agradando a Deus e está no Reino. Nós podemos ampliar o conhecimento da fé, mas
não podemos negar a ação de Deus. Jesus ensina a ver a ação de Deus no mundo e
nas pessoas diferentes de nós. É grande sabedoria ver Deus agindo fora dos
nossos esquemas e estruturas. Nossa preocupação não deve se limitar apenas em
trazer gente para a Igreja, mas levar o Reino de Deus a todos e acolhê-lo onde
ele age de modo misterioso. Já é tempo de repensarmos nossa pastoral, pois
podemos criar obstáculos ao Reino de Deus.
Deus é para
todos
O mundo é muito aberto ao
diferente, apoia e estimula até extravagâncias e defende o direito de todos.
Por outro lado, há um fechamento muito grande a tudo que é diferente de nós.
Percebemos que o fundamentalismo seja religioso, político ou social anula o ser
humano. Na verdade não somos tão abertos nem tão tolerantes, principalmente em
se tratando de religião. Deus não é assim. Ele acolhe a todos. Propõe mas não
impõe. Ninguém é dono de Deus. Deus é para todos. O Deus justo não é o que
castiga, mas o que quer vida abundante a todos. Tiago nos fala no mal que fazem
os que amontoam riquezas sem a justiça animada pela caridade e não são abertos
a todos. Prejudicam a si mesmos, pois a própria riqueza se corrompe.
Valor de um copo d’água.
Jesus ensina que toda boa ação tem sua
recompensa. Mesmo que seja um copo d’água dada ao sedento. Para que o amor seja
sempre maior é necessário não escandalizar os pequeninos. E tudo o que
atrapalha o caminho do Reino deve ser mudado. Jesus usa o termo, cortado. Pelo
Reino deve-se fazer tudo. A comunidade aberta é expressão do Reino que se
realiza no mundo. Como lemos na carta de Tiago, os bens são bons, mas na
caridade, pois do contrário se tornam um perigo. Um copo d’água dado ao
pequenino tem valor de eternidade. Ao lado da recompensa pela dedicação aos
outros encontramos o respeito à pessoa do outro, não o fazendo pecar. Por isso,
simbolicamente, diz que corte a mão e o pé, arranque o olho se eles forem causa
de pecado. Quer dizer: acabar com o uso inadequado do poder, da riqueza e do
orgulho. Vemos aqui as mesmas as três tentações de Jesus no deserto. Vencê-las é caridade para os irmãos. O valor
de um copo d’água não está na quantidade de água, mas na presença do amor de
Cristo que é um mar de amor.
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