Evangelho segundo S. Lucas 9,51-56.
Aproximando-se
os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a
Jerusalém e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e
entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que
mandemos descer fogo do céu que os destrua?». Mas Jesus voltou-Se e
repreendeu-os. E seguiram para outra povoação.
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Agostinho
(354-430), bispo de Hipona
(norte de África), doutor da Igreja
Sermão sobre
o Salmo 64
Há duas cidades; uma chama-se Babilónia, a
outra Jerusalém. O nome de Babilónia significa «confusão»; Jerusalém significa
«visão de paz». Olhai atentamente a cidade da confusão, para melhor conhecerdes
a visão de paz; suportai a primeira, aspirai à segunda.
O que permite
distinguir estas duas cidades? Podemos desde já separar uma da outra? Elas estão
mescladas uma na outra e, desde a aurora do género humano, encaminham-se assim
para o fim dos tempos. Jerusalém nasceu com Abel, Babilónia com Caim. [...] As
duas cidades materiais foram construídas mais tarde, mas representam
simbolicamente as duas cidades imateriais cujas origens remontam ao início dos
tempos, e que durarão, aqui em baixo, até ao fim dos séculos. Então, o Senhor
separá-las-á, pondo uns à sua direita e outros à sua esquerda (Mt 25,33). [...]
Mas há qualquer coisa que distingue, mesmo agora, os cidadãos de
Jerusalém dos cidadãos de Babilónia: são dois amores. O amor a Deus faz
Jerusalém; o amor ao mundo faz Babilónia. Vede quem amais e sabereis de onde
sois. Se sois cidadãos de Babilónia, arrancai da vossa vida a cobiça, plantai em
vós a caridade; se sois cidadãos de Jerusalém, suportai pacientemente o
cativeiro, tende esperança na vossa libertação. Com efeito, muitos cidadãos da
nossa santa mãe Jerusalém (Gal 4,26) estavam de início cativos de Babilónia.
[...}
Como despertar em nós o amor a Jerusalém, nossa pátria, cuja
lembrança a duração do exílio nos fez perder? É o próprio Pai quem de lá nos
escreve, reavivando em nós, com as suas cartas, que são as Sagradas Escrituras,
a nostalgia do regresso.
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