Evangelho segundo S. Lucas 11,5-13.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá
ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três
pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe
dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está
fechada, eu e os meus filhos já nos deitámos; não posso levantar-me para te dar
os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por
causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta
e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem
bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe,
em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um
escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho
pedem!».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022),
monge grego
Hinos, n.° 29
De onde vens? Como penetras,
no interior
da minha cela,
fechada de todos os lados?
Com efeito, isto é estranho,
ultrapassa a palavra e o pensamento.
Mas o facto de vires até mim,
subitamente, todo inteiro, e de brilhares,
o facto de Te deixares ver
sob uma forma luminosa,
como a Lua na sua plena luz,
deixa-me incapaz de
pensar
e sem voz, meu Deus!
Sei bem que és
Aquele que veio para
iluminar
os que estão nas trevas (Lc 1,79),
e fico estupefacto,
fico
privado de senso e de palavras,
ao ver tão estranha maravilha
que
ultrapassa toda a criação,
toda a natureza e as palavras. [...]
Como
é que Deus está fora do universo
pela sua essência e a sua natureza,
pelo seu poder e pela sua glória,
e ao mesmo tempo habita em tudo e em
todos,
mas de uma maneira especial nos seus santos?
Como arma neles a
sua tenda
de forma consciente e substancial,
Ele que está totalmente
para lá da substância?
Como está contido nas suas entranhas,
Ele que
contém toda a criação?
Como brilha no coração deles,
neste coração
carnal e espesso?
Como é que Ele está no interior deste,
como é que está
fora de tudo,
mas preenche tudo?
Como é que, de noite e de dia,
brilha sem ser visto?
Diz-me, pode o espírito do homem
conceber
todos estes mistérios,
poderá ele exprimi-los?
Seguramente que não! Nem
um anjo
nem um arcanjo to poderiam explicar;
seriam incapazes
de to
expor por meio de palavras.
Só o Espírito Santo, porque é divino,
conhece estes mistérios
e os sabe, porque apenas Ele
partilha a
natureza, o trono e a eternidade
com o Filho e o Pai.
É pois àqueles a
quem este Espírito resplandecerá
e com quem Se unirá liberalmente
que
Ele mostra tudo de forma inexprimível. [...]
É como um cego: quando vê,
vê primeiramente a luz
e em seguida toda a criação
que está na luz,
oh maravilha!
Do mesmo modo, aquele que foi iluminado
pelo Espírito
divino na sua alma
entra imediatamente em comunhão com a luz
e contempla
a luz,
a luz de Deus, do próprio Deus,
que também lhe mostra tudo,
ou antes, tudo o que Deus decidir,
tudo o que Ele desejar e quiser
mostrar.
Àqueles que ilumina com a sua luz
Ele permite que vejam o que
se encontra na luz divina.
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