A
liturgia é mais um elemento importante para a garantia da fé. Já vimos a
Escritura, a Tradição, os Santos Padres e os Doutores. A celebração condensa, por
sua parte, todos esses critérios de fé, pois tem a Palavra de Deus, mantém viva
a Tradição e aprende com os mestres da fé. Como povo reunido, celebrando, a
liturgia é critério de fé. Já temos o ensinamento antigo que diz: O que se reza
é ensinamento de fé (Lex orandi, Lex credendi). Se a comunidade reza desde
tempos imemoriais determinadas verdades, é porque são verdadeiras. Em seu
ensinamento oficial, os Papas sempre conferem se o que se ensina é o que o povo
de Deus sempre rezou. Não se trata de sacramentar tudo o que se diz. Busca-se a
permanência na verdade. É por isso que, quando se preparam textos oficiais para
a oração de toda a Igreja, é necessária a aprovação para não ensinar erros. Os
ritos, as cerimônias e as leis da liturgia devem estar a serviço do esplendor
da verdade. A obediência da fé inclui a obediência ao que é proposto. Por outro
lado, os ministros ordenados e outros devem propor a verdade com segurança e
clareza. O altar não é palanque. A preparação exige fé e fidelidade. O povo
clama por pregações mais preparadas que o formem na verdade. Ali se dá a
primeira catequese e a continuada formação do povo. Os fiéis, de modo
particular as crianças, devem ser introduzidos lentamente no conhecimento da
Verdade, de acordo com sua condição e idade.
1931.
Rezar crendo
Celebrar
é ter fé. A vida que conduz à Vida. Por isso a liturgia, em todos os
sacramentos, é um momento de encontro com Deus. Não se trata em primeiro lugar,
de realizar um rito, mas acolher um mistério ou cumprir uma obrigação. A fé não
é em primeiro lugar um rito com cerimônias e palavras, mas um encontro com
Deus. Ela nos põe em contato com a Verdade de Deus e as verdades que nos levam
a Deus. Por isso ela é um critério de fé. A liturgia não é só uma ação humana
religiosa, mas uma ação conjunta do povo com Deus. Não vamos à comunidade para
fazer orações, mas para o encontro com Deus em Cristo no exercício de seu múnus
– função – sacerdotal. Ele é o Sacerdote. Todo povo é sacerdotal Nele. Rezamos
o que cremos. As celebrações da comunidade garantem o conhecimento e a
manutenção do que é de fé. Por isso, como veremos, a fé do povo é um critério
da verdadeira fé. Quando tenho fé, celebro. Em cada oração estamos manifestando
a fé e transmitindo a mesma fé que se torna anúncio. Nossa fé é fortalecida na
celebração e a verdade se torna sempre mais viva e eficaz em nossa vida.
1932.
Crer para rezar melhor
Na celebração recebemos vida que nos faz viver mais a fé para celebrar
melhor e assim viver melhor. É um círculo que se desenvolve sempre mais. Nossas
celebrações estão repletas de ensinamentos sobre a fé. Jesus, sempre presente,
continua a nos ensinar através dos textos, das cerimônias e da comunhão de bens
espirituais entre os fiéis. É um corpo que celebra. Cristo – Sumo Sacerdote –
se oferece ao Pai e nos oferece Consigo. À medida que acolhemos a celebração na
fé, podemos rezar melhor. Rezar significa entrar no diálogo de Cristo com o
Pai. Crendo, podemos rezar. Rezando podemos crer melhor. A comunidade que reza
proclama a verdade e a vive. Lembremo-nos que liturgia não é só a missa, mas
também todos os sacramentos, sacramentais, bênçãos e ofício Divino (liturgia
das horas). É triste ver as pessoas irem às celebrações só para cumprir uma
obrigação.
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