PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
1933.
O povo não erra na fé
A
fé é um dom de Deus oferecido a todos. É, como a caridade e a esperança, uma
virtude teologal, isto é, tem Deus como autor.
A nós cabe aceitar a proposta de Deus e ser dotado dessa dimensão fundamental
da vida que vai gerar em nós tudo que se refere ao espiritual. Sem fé é
impossível a vida cristã e as obras da fé. Com a caridade estamos unidos ao
amor de Deus em Cristo. Com a esperança vivemos já, o que esperamos. O Céu
começa aqui. A fé, como dom a todo povo, faz é um critério para a Igreja. O
povo não é um rebanho silencioso, mas também guarda e regra, com os demais
critérios, dessa fé. O Catecismo da Igreja Católica, explicando o sentido sobrenatural
da fé diz: “Todos os fiéis participam da compreensão e da transmissão da
verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo que os instrui e os
conduz à verdade na sua totalidade” (CIC 91 – 1Jo 2,20.27). Por isso, temos o que é importante: “O
conjunto dos fiéis... não pode enganar-se no ato de fé” (Id 92). A Igreja não pode errar, pois
tem também a garantia da fé do povo. Quando alguém ou um grupo deixa a fé
católica - “perde a fé” – ele não é mais critério. Quem tem a fé está apoiado
na Escritura, na Tradição, no ensinamento dos Mestres da fé e também, como veremos,
sustentado pelo Magistério da Igreja. É o conjunto das regras de fé que
garante. “Por esse senso da fé, promovido e sustentado pelo Espírito da verdade
o povo de Deus... adere sem erro à fé... penetra-a mais profundamente e mais
plenamente a aplica na vida” (Id. 92). Como a Escritura foi escrita no meio do povo, no meio
do povo é compreendida. Ninguém age sozinho. Já é um erro pensar assim. Ninguém
é dono pessoal da fé.
1394.
Crescimento da fé
O
povo de Deus é mestre na fé. Foi no meio desse povo que a Palavra de Deus foi
recolhida no livro santo e conservada sob a direção dos pastores. Antes do
livro já havia a fé do povo transmitida pelos apóstolos e discernida por seus
sucessores. Os muitos anos de pregação dos apóstolos puderam sedimentar os
ensinamentos de Jesus. A fé ajudou a comunidade a discernir o que era Palavra
de Deus e o que eram palavras dos homens. Temos assim o Novo Testamento. João
encerra a revelação. Depois vem o lento trabalho de compreensão e
aprofundamento das verdades da Palavra e o desenvolvimento da compreensão. São
séculos de estudos e vivências que trouxeram a clareza, guiada pelo Espírito,
para explicar tudo o que a Palavra nos ensinou. Não vamos acrescentar verdades
novas, mas compreender sempre mais profundamente o depósito da fé. A Bíblia não
foi escrita em pedra, mas primeiro nos corações dos fiéis. O Catecismo ensina:
“Graças à assistência do Espírito Santo, a compreensão tanto das realidades,
quanto das palavras do depósito da fé pode crescer na Igreja” através da
contemplação e do estudo, da compreensão dos fiéis e da pregação (CIC 94).
1395.
Unidos na fé
A fé do povo de Deus, por vontade de Cristo, é confiada aos pastores,
unidos ao Papa, que com seu ministério interpretam legitimamente a Palavra de
Deus. Não podemos perder de vista que “a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura
e o Magistério de Igreja estão de tão modo entrelaçados e unidos, que um não
tem consistência sem o outro, e que juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do
mesmo Espírito Santo contribui eficazmente para a salvação das almas” (CIC 94). Pelos
ensinamentos vemos que temos que estar unidos na fé como povo de Deus, para que
se torne mais viva e mais clara a Palavra de Deus.
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