PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Jesus
é modelo completo quando queremos orientar nossa vida. Nele estão todas as virtudes.
Ele é a Virtude. É modelo em suas palavras e em suas atitudes. É modelo para
todos em todos os tempos, não somente para uma classe de pessoas de uma época. Por
que não imitamos Jesus para orientar nosso estilo de vida? A Igreja católica,
como tantas outras, padece do mal de não se empenhar na imitação de Jesus. Com
isso perdemos a força de testemunho. No tocante à autoridade, vemos que Ele não
apela para sua autoridade a não ser para desmontar o poder do mal quando cura
os possessos: “Eu te ordeno: Sai deste homem”. No trato com as pessoas propõe e
não impõe: “Se queres ser meus discípulos”. Temos o costume de jogar nas
“costas” do Espírito Santo, o que não passa de caprichos. A conversão no uso do
poder é um desafio que Jesus teve que superar quando foi tentado por Satanás no
deserto. Jesus se orientou pelo desejo de procurar fazer sempre a vontade do
Pai: “Não é da vontade de vosso Pai que um destes pequeninos se perca” (Mt 18,14). O serviço
de salvação de todos é a máxima lei. É curioso como colocamos certos costumes
ou certas orientações inventadas como lei e deixamos de lado a palavra e o exemplo
de Jesus. Paulo mesmo tem esse modo de pensar. No grande Concílio de Jerusalém,
os apóstolos disseram: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor
outro jugo além destes que são indispensáveis” (At 15,28). “É para a liberdade que Cristo
nos libertou. Permanecei firmes e não vos deixeis prender de novo ao jugo da
escravidão” (Gl 5,1) escreve
Paulo. No decorrer
da história, por medo da liberdade, foram se impondo normas. Às vezes, essas
normas eram mais sagradas que o próprio Evangelho. É certo que a fragilidade
leva ao abuso. Paulo adverte: “Que a liberdade não sirva de pretexto para a
carne”. E apresenta o remédio: “pela caridade colocai-vos a serviço uns dos
outros” (Gl 5,13).
O amor misericordioso é a lei fundamental de Jesus. Ele amava, por isso era
ouvido e é o Salvador.
1132.
Igreja mestra, mas também discípula.
A Igreja, continuando a missão de
Jesus, tem como dever fundamental mostrar Seu rosto misericordioso. Jesus
anunciou o Reino presente no meio de nós e constituiu-se assim a comunidade dos
que creram (At 2,41).
Cumpria-se o que disse: “Toda autoridade me foi entregue sobre o céu e sobre a
terra. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos meus,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinado-as a
observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,18-20). Jesus dá a autoridade de continuar sua missão
através do batismo, da criação da comunidade e do ensino. Valoriza-se muito poder
de mandar, tirado das sociedades pouco cristãs, e não o poder de servir
ensinado por Jesus.
1133. Caminho da comunidade.
O serviço do poder é o poder de servir. Jesus diz que o modo como a
sociedade exercita o poder não é como Ele ensinou: “Sabeis que os governadores
das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser
assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar grande entre vós seja aquele que
serve... o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,25-28). O estilo de poder da Igreja e de todos os
cristãos não é o ser uma grande nação cristã. Isso já não deu certo. Somos
chamados a nos pôr a serviço de todos para implantar a força transformadora do
Reino através do amor de entrega, como Ele o fez. A pirâmide do poder tem que
ser invertida para ser a pirâmide do serviço. A sede de poder é um veneno
dentro de qualquer religião. O resultado é a opressão e a exploração, o que é
pior, em nome de Deus.
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