quinta-feira, 7 de setembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “A alegria da fé no meio do povo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1122. A fé ilumina a cultura
            Jesus é o modelo primordial da vida cristã. Notamos que Jesus não fazia parte de uma classe social que o distanciasse do povo. Não era da classe sacerdotal nem pertencia a nenhum grupo religioso e político que eram opressores. Seu partido era fazer parte do povo que O amava e vibrava ao escutá-lo (Mc 11,18). Quando o cristianismo entrou no mundo pagão não exigiu que os convertidos tomassem a vida o povo judeu como modelo. O Evangelho pode ser vivido em qualquer cultura. O Concílio Vaticano II declarou que a Igreja deve inserir-se nas novas culturas como foi a encarnação de Jesus. Deve assumir das culturas tudo o que for bom para anunciar a graça como lemos no documento Ad. Gentes sobre a Atividade Missionária da Igreja: “Igreja deve inserir-se em todos esses agrupamentos, impelida pelo mesmo movimento que levou o próprio Cristo, na Encarnação, a sujeitar-se às condições sociais e culturais dos homens com quem conviveu”. ... “As igrejas jovens, enraizadas em Cristo e construídas sobre o fundamento dos Apóstolos, recebem, por um maravilhoso intercâmbio, todas as riquezas das nações que foram dadas a Cristo em heranças. Recebem dos costumes e das tradições dos seus povos, da sabedoria e da doutrina, das artes e das disciplinas, tudo aquilo que pode contribuir para confessar a glória do criador, ilustrar a graça do Salvador, e ordenar, como convém, a vida cristã” (Ad.Gentes 10.22). A uniformidade está na fé e não em suas manifestações.
1123. Evangelizar a fé popular
            A cultura religiosa do povo católico tem raízes profundas que bebem do evangelho. Cada século deu sua contribuição, às vezes ricas, às vezes pobres. A fé do povo de Deus acolheu a Palavra e a viveu de acordo com sua cultura. Desprezar as culturas e suas manifestações religiosas como expressão da fé é desconhecer o modo como Jesus viveu. Nos meses de junho e julho temos muitas manifestações populares que tem um fundo evangélico: Viver em comunidade e alegrar-se em comunidade. Foi o que disseram os pagãos sobre os cristãos: “Vede como se amam”. Trata-se de viver a caridade alegre, festiva e promotora do amor na amizade com todos. De Jesus nunca ouvimos dizer: é um esquisitão, não participa com o povo. Nestas manifestações da cultura religiosa popular, como Semana Santa, Natal, festas juninas há muitos elementos provindos do evangelho. Não ter a Palavra de Deus só como um texto escrito, mas como Palavra Viva que penetra tudo. Temos, por exemplo, o carinho do povo acolhendo os outros, e colocando-se a serviço nestas atividades, colocar os dons em ação, usar a música para alegrar e proclamar a vida e o amor. Assim se fortalecem os laços da fraternidade, se promove a comunhão fraterna e se abre espaço para a caridade para com os necessitados. Criar espaço para as pessoas se alegrarem é um dom de Deus. Assim se mantém a cultura do povo.
1124. Um olhar sobre a cidade
            Vivemos tempos diferentes. O mundo rural acabou e agora é a cidade que tem tudo. Por isso é necessário olhar a cidade e ver o bem que podemos fazer acolhendo as pessoas que chegam de longe, arrancadas de seu mundo e jogadas numa cidade grande onde eles perdem seus laços culturais. São vítimas de espertalhões que os enganam e destroem a fé, dando um ambiente daninho, tirando-lhes do coração essas virtudes tão bonitas da partilha da vida, da alegria inocente, da cultura sadia. Deus gosta de ver seu povo feliz. Temos que olhar a cidade grande com os olhos de Deus que cuida de cada filho com carinho.

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