Jesus
é o modelo primordial da vida cristã. Notamos que Jesus não fazia parte de uma classe
social que o distanciasse do povo. Não era da classe sacerdotal nem pertencia a
nenhum grupo religioso e político que eram opressores. Seu partido era fazer
parte do povo que O amava e vibrava ao escutá-lo (Mc 11,18). Quando o cristianismo entrou no
mundo pagão não exigiu que os convertidos tomassem a vida o povo judeu como
modelo. O Evangelho pode ser vivido em qualquer cultura. O Concílio Vaticano II
declarou que a Igreja deve inserir-se nas novas culturas como foi a encarnação
de Jesus. Deve assumir das culturas tudo o que for bom para anunciar a graça
como lemos no documento Ad. Gentes sobre a Atividade Missionária da Igreja: “Igreja
deve inserir-se em todos esses agrupamentos, impelida pelo mesmo movimento que
levou o próprio Cristo, na Encarnação, a sujeitar-se às condições sociais e
culturais dos homens com quem conviveu”. ... “As igrejas jovens, enraizadas em
Cristo e construídas sobre o fundamento dos Apóstolos, recebem, por um
maravilhoso intercâmbio, todas as riquezas das nações que foram dadas a Cristo
em heranças. Recebem dos costumes e das tradições dos seus povos, da sabedoria
e da doutrina, das artes e das disciplinas, tudo aquilo que pode contribuir
para confessar a glória do criador, ilustrar a graça do Salvador, e ordenar,
como convém, a vida cristã” (Ad.Gentes 10.22). A uniformidade está na fé e não em suas
manifestações.
1123.
Evangelizar a fé popular
A
cultura religiosa do povo católico tem raízes profundas que bebem do evangelho.
Cada século deu sua contribuição, às vezes ricas, às vezes pobres. A fé do povo
de Deus acolheu a Palavra e a viveu de acordo com sua cultura. Desprezar as
culturas e suas manifestações religiosas como expressão da fé é desconhecer o
modo como Jesus viveu. Nos meses de junho e julho temos muitas manifestações
populares que tem um fundo evangélico: Viver em comunidade e alegrar-se em
comunidade. Foi o que disseram os pagãos sobre os cristãos: “Vede como se
amam”. Trata-se de viver a caridade alegre, festiva e promotora do amor na
amizade com todos. De Jesus nunca ouvimos dizer: é um esquisitão, não participa
com o povo. Nestas manifestações da cultura religiosa popular, como Semana
Santa, Natal, festas juninas há muitos elementos provindos do evangelho. Não ter
a Palavra de Deus só como um texto escrito, mas como Palavra Viva que penetra
tudo. Temos, por exemplo, o carinho do povo acolhendo os outros, e colocando-se
a serviço nestas atividades, colocar os dons em ação, usar a música para
alegrar e proclamar a vida e o amor. Assim se fortalecem os laços da
fraternidade, se promove a comunhão fraterna e se abre espaço para a caridade
para com os necessitados. Criar espaço para as pessoas se alegrarem é um dom de
Deus. Assim se mantém a cultura do povo.
1124.
Um olhar sobre a cidade
Vivemos tempos diferentes. O mundo
rural acabou e agora é a cidade que tem tudo. Por isso é necessário olhar a
cidade e ver o bem que podemos fazer acolhendo as pessoas que chegam de longe,
arrancadas de seu mundo e jogadas numa cidade grande onde eles perdem seus
laços culturais. São vítimas de espertalhões que os enganam e destroem a fé,
dando um ambiente daninho, tirando-lhes do coração essas virtudes tão bonitas da
partilha da vida, da alegria inocente, da cultura sadia. Deus gosta de ver seu
povo feliz. Temos que olhar a cidade grande com os olhos de Deus que cuida de
cada filho com carinho.
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