Evangelho segundo S. Lucas 6,1-5.
Passava Jesus
através das searas num dia de sábado e os discípulos apanhavam e comiam as
espigas, debulhando-as com as mãos. Alguns fariseus disseram: «Porque fazeis
o que não é permitido ao sábado?». Respondeu-lhes Jesus: «Não lestes o que
fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome? Entrou na casa
de Deus, tomou e comeu os pães da proposição, que só aos sacerdotes era
permitido comer, e também os deu aos companheiros». E acrescentou: «O Filho
do homem é senhor do sábado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Santo Aelredo de Rievaulx
(1110-1167), monge cisterciense
O Espelho da Caridade, I, 19.29
Todos os dias da criação são grandes e
admiráveis, mas nenhum pode comparar-se ao sétimo; nesse dia, não é a criação de
um ou outro elemento natural que se propõe à nossa contemplação, é o repouso do
próprio Deus e a perfeição de todas as criaturas. Lemos, com efeito: «Concluída,
no sétimo dia, toda a obra que havia feito, Deus repousou, no sétimo dia, do
trabalho por Ele realizado» (Gn 2,2). Grande é este dia, insondável este
repouso, magnífico este sabat! Ah, se pudesses compreender! Este dia não foi
determinado pelo curso do sol visível, não começa quando este nasce, não termina
quando este se põe; não tem manhã e tarde (cf Gn 1,5). [...]
Escutemos
Aquele que nos convida ao repouso: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e
oprimidos, e aliviar-vos-ei» (Mt 11,28): é a preparação para o sabat. E, sobre o
sabat propriamente dito, diz-nos: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim
que sou manso e humilde de coração, e achareis alívio para as vossas almas»
(29). Eis o repouso e a tranquilidade, eis o verdadeiro sabat.
Porque
este jugo não pesa, este jugo une; este fardo não tem peso, tem asas. Este jugo
é a caridade; este fardo é o amor fraterno. Nele encontramos repouso, nele
celebramos o sabat; nele somos libertados da escravidão. [...] E mesmo que a
nossa enfermidade nos leve a cometer algum pecado, nem por isso o sabat será
interrompido, porque «a caridade cobre a multidão dos pecados» (1Ped 4,8).
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