sexta-feira, 18 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA -

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1101. Tomarás um cordeiro.
            Os termos cordeiro e ovelha são correntes nas escrituras e na liturgia, a tal ponto que Jesus é chamado de o “Cordeiro de Deus”. Numa cultura como a nossa onde os rebanhos são de gado, torna-se difícil a compreensão do significado. Vamos procurar compreendê-lo nesse contexto pascal. A ovelha foi domesticada na idade do bronze (3.300) antes de Cristo. É um animal dócil, o que foi associado à ideia de inocência. Os povos pastores tiravam dela seu alimento e vestuário. O cordeiro foi integrado no culto como oferenda sacrificada e consumida como participação na Divindade.  Ao estudarmos a Páscoa dos judeus, sabemos que o ritual do cordeiro sacrificado já é de tradição muito anterior. Na lua nova, sacrificavam um cordeiro e passavam o sangue nos mourões do curral para espantar os maus espíritos e pedir proteção. Na libertação do Egito esta celebração, já tradicional, pois eram pastores, somada posteriormente ao pão ázimo tornou-se a celebração mais importante. Primeiramente era familiar e depois passou ao templo. Pelas orientações do livro do Êxodo (12,1-14), temos o cordeiro e seu sangue passado nos umbrais da porta para serem livres do anjo exterminador (que matou os primogênitos dos egípcios) e saltou (passagem – páscoa) a casa dos judeus. Notemos que Cristo é chamado de Cordeiro que tira o pecado do mundo. Por ele nos veio a salvação. Essa festa devia ser um memorial da salvação, no sentido de que todos estão envolvidos naquela libertação. Os sacrifícios do templo mantinham a oferta de cordeiros nas diversas modalidades como lemos no livro do Levítico. O Profeta Isaias escreve no capítulo 53 sobre um “servo” que não tem identificação, “ele é maltratado e humilhado e não abriu a boca como um cordeiro que é conduzido ao matadouro” (Is 53,7). A palavra servo tem também o sentido de cordeiro. Em o Novo Testamento Cristo é identificado com esse cordeiro – servo sofredor.
1102. Cordeiro que tira o pecado
            Para compreender a morte de Cristo e a Eucaristia, temos que ter este pano de fundo. O cordeiro foi usado na aliança com Deus. Seu sangue sela a aliança: “este é o sangue da aliança que Deus fez convosco” (Ex 24,8) e o sangue de Cristo, Cordeiro, “que é o sangue da nova aliança que é derramado por todos para a remissão dos pecados” (Mt 26,28). João Batista apresenta Jesus aos discípulos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,36). É uma referência ao servo sofredor e ao valor salvífico da missão de Jesus. Como a Eucaristia celebra o Mistério de Redenção, o cordeiro se tornou também símbolo eucarístico que encontramos nos círios pascais, nas hóstias, nas toalhas e outros adereços do altar.
1103. Trono do Cordeiro
            O livro do apocalipse chama Cristo de Cordeiro Imolado que tem o poder de julgar os vivos e os mortos. A palavra Cordeiro aparece 27 vezes no livro. O Cordeiro Sofredor, agora é o Cordeiro Senhor. Ele tem a marca da lança no peito. Ele tem o poder de julgar os vivos e os mortos (Ap. 5,6-10). O povo que foi lavado no sangue do Cordeiro e o seguem e Ele os conduz para as fontes da água viva. Esse povo é a esposa do Cordeiro e com Ele reinarão. Nas missas temos invocações do Cordeiro no glória, na ladainha antes da comunhão e no apresentação da Hóstia: Eis o Cordeiro de Deus.... Dai-nos a paz!

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