PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Como Jesus queria
O tempo pascal convida-nos a um aprofundamento de nossa inserção no
Mistério Pascal de Cristo que aconteceu para nós no batismo. A comunidade dos
que creem em Cristo é um fenômeno social, pois se trata de pessoas. Mas, antes
de tudo, é Corpo de Cristo. Regida pela fé e pela caridade, esta comunidade tem
um modo próprio de ser que a faz retrato vivo do ensinamento de Jesus. S. Lucas
recorda com carinho a vida dos primeiros cristãos. Esta memória torna-se, para
os seguidores de Jesus, um modelo para a comunidade. Os cristãos testemunhavam
a comunhão de bens: “Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum
entre eles... Entre eles ninguém passava necessidade, (At
4.32.34). Há, na sociedade, uma
preocupação crescente com a solução dos problemas dos necessitados.
Infelizmente os cuidados maiores são para salvar os ricos, seus bancos, suas
grandes empresas. A fonte da comunhão é a fé e o amor: “Todo o que crê que
Jesus é o Cristo nasceu de Deus e todo o que ama ao que gerou ama também o que
dele nasceu” (1Jo 5,1).
A fé em Jesus está unida ao amor ao próximo que é amor de comunhão. Dizer como
Tomé “meu Senhor e meu Deus” dá a força dizer: “Sou teu irmão” e fazer comunhão
com o outro, como se faz com Deus: “Quem ama Deus, ame também seu irmão” (1Jo
4,21). Crer em Jesus é criar
comunhão de vida e de bens. Não basta jogar algumas migalhas da mesa farta do
primeiro mundo para os lázaros das populações pobres. A comunidade era do jeito
que Jesus era e queria. É uma bela lembrança e um projeto seguro para a
transformação do mundo. Tivemos e temos teorias sociais boas. Por que não
experimentar a de Jesus. Dá certo se moldada na fé e no amor de serviço.
Nossa vitória, nossa fé
Em
nossa sociedade, a individualidade assumiu um tipo de individualismo feroz que
destrói qualquer base de comunidade. Este individualismo entrou inclusive na
prática religiosa e espiritual. Este texto de Lucas é uma crítica a esta mentalidade.
João escreve: “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o
Filho de Deus?” Podemos rezar no salmo a necessidade de colocar Jesus como
fundamento: “A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra
angular” (Sl 117).
Jesus é fundamento em seu mistério de Morte e Ressurreição. A fé católica tem
que ser professada e realizada com a mentalidade de Jesus que é a misericórdia.
O anúncio que Jesus vive, deve partir da vida da comunidade que crê e ama.
Crendo tereis a vida
No dia da Ressurreição Jesus apareceu aos
discípulos “...soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo! A quem
perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,22-23). A reconciliação não é só um perdão dado em
voz baixa num confessionário, mas a proclamação no topo do mundo da
reconciliação trazida pela Ressurreição de Jesus. Essa reconciliação é a
condição primeira para a comunhão de vida e bens. É bem mais cômodo administrar
esse santo sacramento da penitência rapidinho, do que criar um mundo
reconciliado. A redenção que Jesus oferece foi no alto da cruz e, por isso,
orientada para os 4 cantos do universo. À medida que o mundo promove a comunhão
dos bens para a vida de todos, está se abrindo ao Espírito do Deus reconciliador
e misericordioso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário