sexta-feira, 11 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Eram um só coração”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Como Jesus queria
            O tempo pascal convida-nos a um aprofundamento de nossa inserção no Mistério Pascal de Cristo que aconteceu para nós no batismo. A comunidade dos que creem em Cristo é um fenômeno social, pois se trata de pessoas. Mas, antes de tudo, é Corpo de Cristo. Regida pela fé e pela caridade, esta comunidade tem um modo próprio de ser que a faz retrato vivo do ensinamento de Jesus. S. Lucas recorda com carinho a vida dos primeiros cristãos. Esta memória torna-se, para os seguidores de Jesus, um modelo para a comunidade. Os cristãos testemunhavam a comunhão de bens: “Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum entre eles... Entre eles ninguém passava necessidade, (At 4.32.34). Há, na sociedade, uma preocupação crescente com a solução dos problemas dos necessitados. Infelizmente os cuidados maiores são para salvar os ricos, seus bancos, suas grandes empresas. A fonte da comunhão é a fé e o amor: “Todo o que crê que Jesus é o Cristo nasceu de Deus e todo o que ama ao que gerou ama também o que dele nasceu” (1Jo 5,1). A fé em Jesus está unida ao amor ao próximo que é amor de comunhão. Dizer como Tomé “meu Senhor e meu Deus” dá a força dizer: “Sou teu irmão” e fazer comunhão com o outro, como se faz com Deus: “Quem ama Deus, ame também seu irmão” (1Jo 4,21). Crer em Jesus é criar comunhão de vida e de bens. Não basta jogar algumas migalhas da mesa farta do primeiro mundo para os lázaros das populações pobres. A comunidade era do jeito que Jesus era e queria. É uma bela lembrança e um projeto seguro para a transformação do mundo. Tivemos e temos teorias sociais boas. Por que não experimentar a de Jesus. Dá certo se moldada na fé e no amor de serviço.
Nossa vitória, nossa fé
               Em nossa sociedade, a individualidade assumiu um tipo de individualismo feroz que destrói qualquer base de comunidade. Este individualismo entrou inclusive na prática religiosa e espiritual. Este texto de Lucas é uma crítica a esta mentalidade. João escreve: “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” Podemos rezar no salmo a necessidade de colocar Jesus como fundamento: “A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular” (Sl 117). Jesus é fundamento em seu mistério de Morte e Ressurreição. A fé católica tem que ser professada e realizada com a mentalidade de Jesus que é a misericórdia. O anúncio que Jesus vive, deve partir da vida da comunidade que crê e ama.
Crendo tereis a vida
               No dia da Ressurreição Jesus apareceu aos discípulos “...soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,22-23). A reconciliação não é só um perdão dado em voz baixa num confessionário, mas a proclamação no topo do mundo da reconciliação trazida pela Ressurreição de Jesus. Essa reconciliação é a condição primeira para a comunhão de vida e bens. É bem mais cômodo administrar esse santo sacramento da penitência rapidinho, do que criar um mundo reconciliado. A redenção que Jesus oferece foi no alto da cruz e, por isso, orientada para os 4 cantos do universo. À medida que o mundo promove a comunhão dos bens para a vida de todos, está se abrindo ao Espírito do Deus reconciliador e misericordioso.

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