Entre
nosso dia-a-dia e a celebração há uma distância que nos confunde. Se a meta é viver
a celebração e transformá-la em ação, como realizar esta proposta? Temos a
tendência de criar dois mundos: o real, no qual desenvolvemos nossas atividades
e o mundo espiritual que visitamos nos fins de semana. Por isso se faz a
distinção: sagrado e profano. Para resolver esta questão temos que tomar Jesus como
modelo de quem une o espiritual e temporal. O que Ele é diante do Pai era
também para os irmãos. A vida de fé conduz à celebração e a celebração bem
realizada conduz a uma fé maior, para viver melhor e celebrar com mais
intensidade. Fácil dizer. Primeiramente encontramos a grande dificuldade de
participar de uma celebração. Há sempre grandes defeitos. Defeito de quem? De
quem a conduz ou de quem participa. Já crescemos muito ao dizer participar,
pois antes se dizia assistir. Essa cultura não se muda. Assistimos a um filme;
não somos os atores. Se formos os atores, seremos nós o espetáculo. Quantas
reclamações sobre a celebração: é longa, é cansativa, é sonolenta. Falta ser
ator. A reforma da liturgia não atingiu um de seus objetivos que era a
participação consciente, ativa e plena. Um elemento importante da celebração,
sem o qual não podemos entender seu sentido é a Palavra. É Cristo que fala
quanto se leem as Escrituras na celebração. Além de um bom som é preciso um bom
ouvido para ouvir como discípulo. Vejamos se nos recordamos do texto
proclamado. Sinal que não ouvimos como Palavra de Deus nas palavras do
homem. Foram homens e mulheres que
viveram esta palavra e depois, pela ação do Espírito, ela foi colocada nas
Escrituras. As celebrações do Tempo Pascal são de grande riqueza. Aproveitemos
este ensinamento. A mesa da Palavra e a mesa do Pão têm o mesmo valor e
importância. Jesus é chamado o Verbo (a Palavra) que é anúncio e presença.
Os símbolos que a
realizam
As celebrações da Semana
Santa, como todas as demais são realizadas através de símbolos que tornam
presente o que a Palavra anunciou. São símbolos não realidades vazias, como
ensina a Igreja: “Os sinais sensíveis
significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens” (SC 7).
Por isso vemos a importância de unir a Palavra
aos símbolos. É necessária uma introdução. Os símbolos, se forem bem
realizados, são esclarecidos pela Palavra de Deus. Infelizmente as celebrações
não são bem realizadas. O fundamental é conduzir os fiéis à participação do Mistério.
A reforma litúrgica foi feita, mas a mentalidade não mudou. A mudança foi feita
somente nos livros. Qual é a preparação que é dada aos fiéis para bem celebrar?
Alguns se preocupam com os ritos a serem realizados. Outros se preocupam com as
leis. Os símbolos devem ser realizados como nossa participação física e espiritual
do mistério celebrado.
O Espírito que nos
renova
A distância entre a vida e a celebração não é somente uma obra humana.
O Espírito Santo age em nós para acolhermos a Palavra e celebrar o que a
Palavra e o rito anunciam. O mesmo Espírito que transforma o pão em Corpo de
Cristo, transforma a comunidade em Corpo de Cristo. Assim rezamos nas preces eucarísticas:
“Concedei que alimentando-nos com Corpo e o Sangue de Cristo, sejamos plenos
do Espírito santo e nos tornemos um só corpo e um só corpo e um só Espírito” (Prece
III). Abramos o coração e mente para
celebrarmos sempre melhor o Mistério do Amor de Deus manifestado em Cristo.
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