quarta-feira, 2 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Caminhar com Ele”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
A Palavra que ensina
            Entre nosso dia-a-dia e a celebração há uma distância que nos confunde. Se a meta é viver a celebração e transformá-la em ação, como realizar esta proposta? Temos a tendência de criar dois mundos: o real, no qual desenvolvemos nossas atividades e o mundo espiritual que visitamos nos fins de semana. Por isso se faz a distinção: sagrado e profano. Para resolver esta questão temos que tomar Jesus como modelo de quem une o espiritual e temporal. O que Ele é diante do Pai era também para os irmãos. A vida de fé conduz à celebração e a celebração bem realizada conduz a uma fé maior, para viver melhor e celebrar com mais intensidade. Fácil dizer. Primeiramente encontramos a grande dificuldade de participar de uma celebração. Há sempre grandes defeitos. Defeito de quem? De quem a conduz ou de quem participa. Já crescemos muito ao dizer participar, pois antes se dizia assistir. Essa cultura não se muda. Assistimos a um filme; não somos os atores. Se formos os atores, seremos nós o espetáculo. Quantas reclamações sobre a celebração: é longa, é cansativa, é sonolenta. Falta ser ator. A reforma da liturgia não atingiu um de seus objetivos que era a participação consciente, ativa e plena. Um elemento importante da celebração, sem o qual não podemos entender seu sentido é a Palavra. É Cristo que fala quanto se leem as Escrituras na celebração. Além de um bom som é preciso um bom ouvido para ouvir como discípulo. Vejamos se nos recordamos do texto proclamado. Sinal que não ouvimos como Palavra de Deus nas palavras do homem.  Foram homens e mulheres que viveram esta palavra e depois, pela ação do Espírito, ela foi colocada nas Escrituras. As celebrações do Tempo Pascal são de grande riqueza. Aproveitemos este ensinamento. A mesa da Palavra e a mesa do Pão têm o mesmo valor e importância. Jesus é chamado o Verbo (a Palavra) que é anúncio e presença.
Os símbolos que a realizam
As celebrações da Semana Santa, como todas as demais são realizadas através de símbolos que tornam presente o que a Palavra anunciou. São símbolos não realidades vazias, como ensina a Igreja: “Os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens” (SC 7). Por isso vemos a importância de unir a Palavra aos símbolos. É necessária uma introdução. Os símbolos, se forem bem realizados, são esclarecidos pela Palavra de Deus. Infelizmente as celebrações não são bem realizadas. O fundamental é conduzir os fiéis à participação do Mistério. A reforma litúrgica foi feita, mas a mentalidade não mudou. A mudança foi feita somente nos livros. Qual é a preparação que é dada aos fiéis para bem celebrar? Alguns se preocupam com os ritos a serem realizados. Outros se preocupam com as leis. Os símbolos devem ser realizados como nossa participação física e espiritual do mistério celebrado.
O Espírito que nos renova
            A distância entre a vida e a celebração não é somente uma obra humana. O Espírito Santo age em nós para acolhermos a Palavra e celebrar o que a Palavra e o rito anunciam. O mesmo Espírito que transforma o pão em Corpo de Cristo, transforma a comunidade em Corpo de Cristo. Assim rezamos nas preces eucarísticas: “Concedei que alimentando-nos com Corpo e o Sangue de Cristo, sejamos plenos do Espírito santo e nos tornemos um só corpo e um só corpo e um só Espírito” (Prece III). Abramos o coração e mente para celebrarmos sempre melhor o Mistério do Amor de Deus manifestado em Cristo.

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