Evangelho segundo S. Mateus 14,22-33.
Depois de ter
saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a
esperá-l’O na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Logo que a
despediu, subiu a um monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali
sozinho. O barco ia já no meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento
era contrário. Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles,
caminhando sobre o mar. Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar,
assustaram-se, pensando que fosse um fantasma. E gritaram cheios de medo. Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo: «Tende confiança. Sou Eu.
Não temais». Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo
sobre as águas». «Vem!» – disse Jesus. Então, Pedro desceu do barco e
caminhou sobre as águas, para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do
vento e começando a afundar-se, gritou: «Salva-me, Senhor!». Jesus
estendeu-lhe logo a mão e segurou-o. Depois disse-lhe: «Homem de pouca fé,
porque duvidaste?». Logo que subiram para o barco, o vento amainou. Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus, e
disseram-Lhe: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo
Comentário ao
Evangelho de Mateus, 11, 6
Quando tivermos suportado as longas horas da
noite escura que domina os momentos de prova, quando tivermos feito o melhor que
sabemos, [...] tenhamos a certeza de que, para o fim da noite, quando «a noite
vai adiantada, e o dia está próximo» (Rom 13, 12), o Filho de Deus virá até
junto de nós, caminhando sobre as ondas. Quando O virmos aparecer assim,
ficaremos perturbados, até compreendermos claramente que é o Salvador que vem ao
nosso encontro. Pensando ainda que vemos um fantasma, gritaremos de medo, mas
Ele dir-nos-á imediatamente: «Tende confiança, sou Eu, não temais.»
Talvez essas palavras de conforto façam surgir em nós um Pedro a caminho
da perfeição, que desça da barca, seguro de ter escapado à prova que o abalava.
Inicialmente, o seu desejo de se aproximar de Jesus permitir-lhe-á andar sobre
as águas. Mas, tendo ele uma fé ainda pouco segura, estando ainda cheio de
dúvidas, aperceber-se-á da «força do vento», terá medo e começará a afundar-se.
Escapará porém a tal infortúnio, apelando para Jesus com um forte brado:
«Senhor, salva-me!» E, mal este Pedro acabe de dizer «Senhor, Salva-me!», já o
Verbo terá estendido a mão para o socorrer, agarrando-o quando ele começava a
afundar-se, censurando-lhe a falta de fé e as dúvidas. Notemos, porém, que Ele
não diz: «Incrédulo!», mas antes: «Homem de pouca fé!», e acrescenta: «Porque
duvidaste?», ou seja: «Tinhas alguma fé, mas deixaste-te levar na direcção
contrária.» E Jesus e Pedro voltarão a entrar para a barca, o vento acalmar-se-á
e os outros discípulos, compreendendo os perigos a que escaparam, adorarão a
Jesus dizendo: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus» – palavras que só os
discípulos próximos de Jesus, os que se encontravam na barca, podiam proferir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário