PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Deus
fez o homem do barro
A
Escritura, mais que de palavras, é feita com o Espírito Santo. Crê quem crê
verdadeiramente em Deus e não em seus próprios modos de pensar ou em teorias
oportunistas. Precisamos iniciar sempre pelo conhecimento de nós mesmos. O que
somos vai nos modelar nosso viver e agir. Tento compreender a partir da própria
criação da humanidade. O primeiro passo nos vem do barro do qual fomos
formados. Esse barro não é tanto o serviço de um oleiro, mas a descrição de
nossa realidade. Somos frágeis e sempre estamos nos ajustando. Crescemos nos
adaptando, moldando-nos e sendo moldados. A vida está sempre em movimento. Crer
não é somente um ato intelectual de compreensão e de vontade ao dom de Deus, mas
está unido ao nosso ser frágil. É na fragilidade que edificamos nossa vida.
Fragilidade não é pequenez ou impossibilidade de crescer. É o melhor modo para
acolher Deus que nos abre ao infinito crescimento. Crescemos de “glória em glória”
diz Paulo (2Cor 3,18).
Crer em Deus exige que nos sintamos frágeis e necessitados de sua bondade de
Pai. Por isso nos abrimos. Jesus diz que o que Pai ocultou aos sábios e aos doutores
e revelou aos pequeninos (Mt
11,25). O orgulho que provém da abundância de riquezas, de ciência e de
poder obscurece o conhecimento de Deus. É um bloqueio que os humildes não têm,
por isso podem conhecer o bem maior.
Soprou-lhe
a alma espiritual
Naquele
barro Deus soprou o hálito de vida. E o homem se tornou alma vivente (Gn 2,7). É um ser
vivo e tem a dimensão espiritual. Não foi criado como os outros animais.
Sabemos que no momento da concepção é criada para cada homem uma alma única e
intransferível. Não é somente um ser animal, mas também espiritual. Esse fôlego
de vida que veio de Deus é uma participação em sua Vida Divina. Todos nós
participamos da vida de Deus porque assim Ele nos fez. Isso não é uma opção, é
um dom dado ao barro frágil. A dignidade do homem vem desse dom. Para crer
usamos nossos sentidos espirituais de inteligência, vontade, sabedoria,
consciência. Tudo isso será acrescido com o Dom que é o Espírito Santo. Ele
penetra todo nosso ser. Temos tantos outros dons que nos fazem viver com
intensidade. O grande dom da consciência nos fortalece e torna nosso frágil
barro em fortaleza diante dos empreendimentos e das dificuldades da vida.
Contemplando o mundo, podemos ver como o ser humano se desenvolveu nessa longa
história da humanidade. Nós temos os resultados. Os dons espirituais nos elevam
a grande dignidade do ser humano, pois podemos participar de forma completa da
Divindade. Ainda mais quando sabemos que Jesus uniu essa fragilidade à
Divindade. Quanta riqueza. Para crer é preciso aceitar.
Crescei
e multiplicai-vos
Deus
deu a partida na raça humana: Sede fecundos! Crescei e multiplicai-vos e enchei
a terra (Gn 1,28).
Não somente aumentar a raça humana, mas criar e viver junto com os outros e estar
unido ao outro fiel que crê em Deus. Toda humanidade é uma grande família. A
fragilidade gera forças na unidade. Toda divisão, seja de raça, de cor, de
crença, de condições, não tem sentido, pois todos viemos do mesmo Deus e
voltamos para Ele. A riqueza do universo é a fraternidade. Tudo feito para
todos. Ninguém é dono de nada. Somos passageiros e não levamos as paisagens
conosco. Essa maravilha nos estimula a aproveitar nossos dons para que o mundo
seja melhor. Crer em Deus é um dom precioso, pois responde à nossa condição
humana. Crer e amar a todos é instaurar a condição Divina entre nós. Quem
recusa outra pessoa como irmão, recusa Deus como Pai de todos.
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