terça-feira, 25 de julho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus não poupou seu Filho”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Da Paixão para a Glória
            Na Quaresma de todos os anos, no primeiro domingo, refletimos sobre as tentações de Jesus e no segundo, sobre sua transfiguração. O drama da Paixão e Morte do Filho de Deus estarrece os discípulos. Os evangelistas, contudo, recolhem da vida de Jesus este momento maravilhoso que é o prenúncio da Ressurreição. A Paixão não é o fim, mas culmina na glória da vitória total sobre o mal e a morte. No domingo passado ouvimos a narrativa da tentação de Jesus. Ela é a descrição da humanidade do Filho de Deus e dos filhos de Deus. A sensação de fragilidade é superada pela gloriosa transfiguração. No alto do monte os três discípulos contemplam a divindade de Jesus. Ele está ladeado por Moisés, maior legislador, e Elias, o maior profeta, que representam todo o Antigo Testamento. Agora o Filho é a profecia e a Lei. Diante do prazer da presença da divindade, Pedro oferece três tendas para permanecer na beleza daquele momento. Essas tendas lembram a festa das tendas que se celebrava, lembrando o tempo do deserto e da lei que foi dada ao povo. Os discípulos fazem a experiência de entrar na nuvem, isto é, na presença de Deus. Em Jesus estamos na presença de Deus. Da nuvem surge a voz: “Este é meu Filho, o Dileto, escutai o que Ele diz” (Mc 9,7). A primeira leitura nos traz a história do sacrifício de Isaac. Há uma montanha e um homem que ouve a Deus que lhe pede um grande símbolo de sua fidelidade. Não fiquemos em um sacrifício humano pedido por Deus, mas no símbolo da obediência de Abraão poderia ir até à entrega do que lhe era mais precioso. Por sua obediência Deus, lhe devolve o Filho. Na simbologia de Isaac, vemos que Deus entregou seu Filho que “foi obediente até à morte e morte de Cruz” (Fl 2,8). Ao descerem do monte, Jesus fala de sua Paixão e Ressurreição. A Paixão se compreende na Ressurreição. Rezamos no prefácio: “Pela Paixão e cruz, chegará à gloria da Ressurreição”.
Cristo intercede por nós
               O Dileto, o Filho que Deus nos manda ouvir, está presente junto do Pai a interceder por nós (Rm 8,34). Também somos filhos amados, “pois Deus não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós” (Rm 8,32). Ele intercede por nós no seu gesto de entrega na Paixão e Morte com que nos redimiu e agora junto do Pai, continua seu mistério de Redenção como sacerdote eterno. A missão de redenção continua. Na carta aos Hebreus lemos: “Ele é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele vive para sempre para interceder por eles” (Hb 7,25). Pela Paixão chegou à glória da Ressurreição e na glória do Pai continua sua missão de nos salvar.
Caminho cristão
               A Palavra de Deus nos mostra a obediência de Abraão e nos convoca à obediência do Filho. Essa obediência não é ouvir ordens, mas ter os ouvidos abertos à Palavra. Rezamos: “Ó Deus que nos mandastes ouvir o vosso Filho”(oração). A obediência nos une ao Filho em sua Paixão e nos abre à transfiguração em Cristo para a transfiguração das realidades do mundo. Viver na glória, não é uma fuga da realidade, mas a compreensão da transfiguração do cristão, como em Cristo. Nós nos unimos a Cristo pelos sacramentos que “nos lavam dos pecados e nos santificam para celebrarmos a Páscoa (Oferendas). Ainda na terra, participamos das coisas do céu (Pós-comunhão). A Campanha da Fraternidade quer dar saúde e convida à saúde espiritual, pois um corpo sadio numa alma sadia é a meta que Deus nos deu quando nos criou. Vivendo a Quaresma, já celebramos a Páscoa.

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