A
temática da conversão está presente na pregação de Jesus. Lemos nos evangelhos
que suas primeiras palavras, no início de seu ministério, são um convite à
conversão: “O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15;Mt 4,17). Quando os apóstolos começam o anúncio após a vinda
do Espírito Santo, Pedro, à frente dos outros apóstolos, responde ao povo que pergunta:
“Irmãos, que devemos fazer? “Seja cada um de vós batizado em nome de Jesus para
a remissão dos pecados, e recebereis então, o dom do Espírito Santo...” “Salvai-vos
desta geração perversa” (At 2,38.40).
O início da pregação de Jesus e a pregação dos apóstolos estão marcadas pelo
chamado à conversão. Há necessidade de uma mudança para se acolher o Evangelho.
A conversão é vista como o acolhimento do Reino de Deus que chega com a
plenitude dos tempos. Os tempos estavam maduros para iniciar uma nova maneira
de existir. Agora será de acordo com o Evangelho de Jesus. Se Jesus inicia
insistindo sobre a conversão, é um sinal claro de sua importância. Somente a
partir da conversão é que se pode acolher e viver o Reino de Deus e realizá-lo
na vida. Realizar o Reino é viver de acordo com Evangelho, a Boa Nova de Jesus.
Por isso Ele diz: “E crede no Evangelho”. Jesus, de modo particular insiste sobre
os valores autênticos da pessoa humana e sobre o valor do amor ao próximo que
se concretiza em atitudes de caridade operosa. O amor não é algo
espiritualista sem comprometimento com as pessoas e o mundo. Basta fazer
como Jesus que se comprometeu até à morte pelo que ensinou e viveu. Não temos
que procurar longe, pois está muito perto de nós, nas palavras simples que Ele
ensinou. Os valores evangélicos não se confundem com uma religião intimista,
egoísta e supersticiosa. Os verdadeiros seguidores de Jesus foram a fundo no
seu compromisso com Deus e com a pessoa humana. Nem por isso deixaram de rezar,
freqüentar as celebrações, envolver-se em obras em prol da humanidade. Quem se
une a Deus sabe unir-se a seus irmãos.
1081. Mudança de
mentalidade
Para
haver uma autêntica conversão é necessária a mudança de mentalidade. O que vemos
são cristãos batizados que fazem parte da Igreja, mas sua mentalidade, seu modo
de pensar e orientar a vida não tem nada a ver com o ensinamento de Jesus.
Enquanto vai bem para si, tudo bem, mas quando fere seus interesses, não assumem,
não aceitam e se tornam muitas vezes autênticos perseguidores. Nossas atitudes,
muitas vezes, são fundadas em posições de ideologia política. Uns servem ao
esquerdismo e outros identificam a Igreja com ideologias de extrema direita.
Outros servem só a si. A conversão nos orienta para a mudança de mentalidade
para que ela seja evangélica.
1082. Caminhos novos
A
mudança de mentalidade conduz a novos caminhos. O mal tem seus caminhos. A
conversão nos leva a mudar de caminhos. Lembramos a parábola do Filho perdido e
do Pai misericordioso. Andou por caminhos errados. A conversão nos faz também,
mesmo que não estejamos tão errados, buscar sempre melhores vias para realizar
em nós o plano do Pai manifestado por Jesus. Parar nessa estrada é retroceder.
Deus não exige nada acima de nossas forças e nos dará todos os auxílios para
viver de acordo com a Palavra de seu Filho. Ele dá a graça da conversão. O
grande convite da Quaresma é examinarmos para ver mais claro se buscamos a
felicidade ou cavamos nossa própria infelicidade. Aproveitemos a graça, pois
ela é sempre oportuna.
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