sábado, 22 de julho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Boa Quaresma!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1105. Uma história a contar
                        Será que podemos falar de Quaresma quando, na Quarta-Feira de Cinzas ainda é carnaval? Quando os dias da Paixão do Senhor são feriados? A Quaresma tem uma história mais antiga e consistente. Para entendê-la temos que partir da Páscoa, que é a festa mais antiga e o centro da memória que a Igreja faz de seu Senhor. Inicialmente essa celebração era semanal, no domingo, que significa dia do Senhor. Já no tempo dos apóstolos temos esse ensinamento. Com a formação do ano litúrgico, passou-se a celebrar a Páscoa anual. O Papa Vitor I, pelo final do século II, dá testemunho desta celebração. Em Jerusalém, com a narração de Etéria (380), vemos uma bela organização da Semana Santa que influenciou toda a Igreja. No início celebrava-se a Vigília Pascal com dois dias de jejum. Surge assim a celebração do Tríduo Sacro, os três dias da morte, sepultura e ressurreição. Os que seriam batizados faziam o jejum no Sábado Santo, e a comunidade os acompanhavam. Com o passar do tempo, imitando Jesus, surgiu a Quaresma, para estar com Cristo nos 40 dias de jejum no deserto. Este tempo de preparação para o batismo passou a ser também tempo de penitência para os receberiam a reconciliação na Quinta-Feira Santa. O tempo de jejum e penitência foi muito apreciado, servindo-se para que surgssem muitas peculiaridades e tradições que acompanharam o povo católico nestes séculos. A Igreja, na reforma litúrgica, assim resume no prefácio do 1º domingo da Quaresma: “Ano todo Vós concedeis a vossos fiéis preparar-se para as festas pascais na alegria dos corações purificados para que, assíduos à oração e à caridade operosa, participem dos mistérios de sua regeneração e obtenham a graça de serem plenamente vossos filhos”.
1106. Caminho da Páscoa
            Temos o costume de dizer que, para o povo católico, a Semana Santa terminava com a procissão do Senhor Morto. Como o Sábado Santo, Sábado de Aleluia, era de manhã, não havia celebração na Noite da Páscoa (só o baile da Páscoa). No domingo havia a procissão da Ressurreição de madrugada. Por isso temos que convidar as pessoas a participarem da Vigília Pascal (que acham longa demais). Mas aos poucos vamos compreendendo que a Vigília Pascal é o centro da vida dos cristãos. Nela celebramos a Passagem (Páscoa) de Jesus para o Pai que O ressuscita dos mortos. O cristão participa deste mistério passando da morte para a vida no Batismo. Não renovamos o Batismo na noite pascal, mas nos aprofundamos na participação da Vida de Cristo. A Páscoa é o melhor momento para se celebrar o sacramento do batismo. Por isso fazemos a renovação das promessas batismais. Na Eucaristia celebramos o memorial da Morte e Ressurreição.
1107. Criatividade pascal
            Não podemos nos fixar nas tradições folclóricas. Vivemos as mesmas situações dos cristãos do tempo pagão que não tinha nada a ver com a fé cristã. Hoje a situação é a mesma, com outras letras. É mais importante a preparação para a Páscoa que o modo como vamos fazer. Não se perder em exterioridades, mas sim no interior, como aconselha Jesus. A Quaresma se concretiza na busca da participação da Páscoa pela oração, caridade e jejum. A Igreja oferece em sua liturgia uma catequese abundante de textos que nos ajudam a compreender o mistério celebrado e dá oportunidade para rezar mais e Assim fazer a caridade que, cada ano, tem uma característica diferente a partir da Campanha da Fraternidade.

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