domingo, 2 de julho de 2017

NOSSA SENHORA DO HORTO

A origem da devoção e do culto a Nossa Senhora do Horto provém de longa data, precisamente, do final de 1400. Primavera de 1493. Urna calamitosa epidemia atinge a cidade de Gênova. Chiavari, singela cidadezinha situada numa encosta voltada ao nascer do sol, mantinha comunicações diárias com Gênova e, portanto, não fica imune. Urna piedosa senhora dos subúrbios de Rupinaro, Maria, da família dos Quercio, chamada Turchina, iluminada por uma profunda fé, recorre à mãe de Deus. Promete-lhe um sinal de reconhecimento público, caso restasse imune do tremendo flagelo. Sua esperança não foi vã: restou imune à doença. Em sinal de gratidão à Maria Santíssima, mandou pintar sua imagem entre os dois santos protetores dos atingidos por doenças contagiosas: São Sebastião e São Roque. E, a fim de que os que por ali passassem pudessem ter uma ocasião mais fácil para louvar e invocar a Virgem Santíssima, pensou em mandar pintar um imagem, não em uma igreja, mas sim num lugar ainda mais público: num dos muros do horto que então se estendia da casa do capitão até a praia. Confiou o encargo a Benedetto Borzone. Isto parece ter sido pelo ano de 1493. Seguindo as indicações da Turchina, o pintor conseguiu exprimir de modo admirável a idéia da bondade e do poder de Maria. De fato, representa a Virgem Santíssima no gesto de, com a mão esquerda, estreitar ao colo o Menino Jesus que, por sua vez, se enlaça em seu pescoço, ao mesmo tempo em que, com a mão direita, segura a mão do Filho no gesto de abençoar a cidade e todo aquele que tivesse a dita de passar diante desta imagem. Ao redor da cabeça da Virgem lê-se as palavras da saudação angélica: "Ave, gratia plena"; e, mais para o alto, a frase bíblica: "Hortus conclusus".
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 "A imagem, em seu conjunto, é uma admirável representação pictórica das inspiradas palavras do salmista: "Seguraste minha mão direita e me conduziste segundo a tua vontade". "A obra de Benedetto Borzone atingiu uma incomparável beleza, seja pela profunda verdade teológica que encarna, seja pela feliz disposição das figuras e pela pureza e naturalidade do colorido. Era comum no século XV a imagem de Maria que, do Filho, segura levantada a mão que abençoa. Mas, nas reproduções daqueles tempos, a bênção de Jesus dirigia-se somente ao pequeno João Batista. Benedetto Borzone substitui o pequeno filho de Isabel por uma numerosa família de almas que implora a benção do Filho de Maria e, assim fazendo, alarga o horizonte do restrito circulo de um episódio familiar à vida de um inteiro povo, ou melhor ainda, a toda a humanidade. Assim, afirma o poder e a bondade da Mãe Divina, atenta e solícita às necessidades de todos Os homens redimidos pelo sangue de seu Filho. Poder e bondade: nunca, até então, estas duas excelsas prerrogativas da Virgem Santíssima tinham sido representadas plasticamente de maneira tão eficaz e perfeita". A nova imagem suscitou logo grande devoção e, por causa do lugar onde tinha sido pintada, isto é, no muro de um horto, propriedade do Capitão de Chiavari, foi chamada: "MADONNA DELL'ORTO" Dirigido o rosto ao poente e o olhar a Chiavari, a imagem dava para a praça. E, uma vez que se situava no ângulo da estrada, caía logo na vista de quantos, cidadãos ou forasteiros, deviam entrar naquela praça, a mais freqüentada e a mais cômoda para as comunicações com os vales. A Turchina escolhera, pois, o lugar mais apropriado para colocar a Virgem Mãe: na estrada dos quiavareses e dos forasteiros. Escolhera a exata posição para provocar o encontro entre a Mãe e os filhos. Todos aqueles que passavam em frente ao nicho eram estimulados a venerar a Virgem Mãe. 0 culto a Maria do Horto, contudo, permanecia sempre um fato de caráter privado. Em 1528, a peste se fez novamente presente na Liguria e, portanto, também em Chiavari. 0 perigo despertou ainda mais a devoção e a atenção para com a sagrada imagem. Foi justamente nesta ocasião que foi erigido um altar, aos pés do nicho, a fim de possibilitar ao público a assistência ao santo sacrifício. Houve um despertar de devoção, também incentivada pela urgência do momento. Passado o perigo da epidemia, o povo continuou freqüentando a imagem bendita. Eram os primeiros albores daquele culto ternamente filial que deveria estender-se onde quer que um quiavarese tivesse ido e que deveria culminar, um século depois, com a construção de um grande santuário. No entanto, é de observar-se o seguinte: apesar de estar exposto à chuva, ao sol e as influências da brisa marítima, o quadro tinha conservado a tonalidade original de suas cores. Aos 7 de marco de 1643, por deliberação do Conselho de Chiavari, a Senhora do Horto é declarada padroeira da cidade e do distrito quiavarese. No dia 8 de setembro de 1769 a sagrada imagem é solenemente coroada. Com acerto, Santo Antonio Maria Gianelli foi denominando o glorificador de Nossa Senhora do Horto. Celebrou-lhe as gl6rias com sua eloqüência. Mas foi sobretudo com a santidade de sua vida e com o zelo de suas obras que contribuiu para seu culto. 0 nome de Gianelli liga-se intimamente à história do culto de Nossa Senhora do Horto, ou melhor ainda, à sua difusão no mundo, através das fundações de suas congregações religiosas. Em 1826, assim que inicia em Chiavari sua atividade como arcipreste, Gianelli consagra seu povo e ele mesmo à Senhora do Horto. Fora chamado a Chiavari, pela primeira vez, em 1822, ocasião em que proferira o panegírico do dia 2 de julho. Estudando a vida e as obras de Gianelli, pode-se dizer que a devoção a Maria Santíssima, sempre ardentíssima nele, encontrou a mais férvida e perfeita expressão no culto filial a Nossa Senhora do Horto. A paróquia de San Giovanni e o santuário eram os dois pólos entre os quais se expandia livremente seu zelo. E ele foi ardente promotor desta devoção, bem como da do Santíssimo Crucifixo negro que se venera na igreja de Chiavari, em San Giovanni. Nos momentos mais difíceis da vida de seu povo, Gianelli soube fazer destas duas devoções o fulcro de sua obra de pastor e de pai. Neste culto filial à Senhora do Horto e que se inspiram as instituições que levam seu nome e espelham sua fecunda iniciativa: 0 seminário de Chiavari, a Congregação dos Missionários de S. Alfonso, o Instituto das Filhas de Maria Santíssima do Horto. 
O SEMINÁRIO 
Sendo Gianelli o responsável pelos estudos, valeu-se deste seu encargo para cultivar nos jovens clérigos o amor a Nossa Senhora do Horto. Mediante uma clara compreensão da história da sagrada imagem e uma fiel imitação das virtudes de Maria, fez com que os seminaristas se tornassem outros tantos apóstolos do culto da Senhora do Horto. Em suas conferencias morais aos clérigos, falava freqüentemente da Senhora do Horto. Incentivava-os a tomar parte em todas as principais funções litúrgicas do santuário e parece que ele introduziu o belíssimo costume de conduzir os seminaristas aos pés da Senhora do Horto para prestar a Maria a primeira homenagem dos clérigos, por ocasião da abertura das solenidades, no dia primeiro de julho, de manhã cedo. Assim, o seminário de Chiavari, qual perfumado jardim junto ao santuário de Maria, florescia na piedade, no estudo e na disciplina. 
OS MISSIONÁRIOS DE SANTO ALFONSO 
A fundação desta congregação remonta ao final de 1827. 0 objetivo era duplo: favorecer a santificação do clero secular, mediante retiros anuais, e promover missões populares. Gianelli quis confiar também esta obra ao patrocínio de Nossa Senhora do Horto. A seus missionários recomendou o culto a Nossa Senhora do Horto a fim de que o difundissem nas paróquias em que fossem solicitados. E é justamente aos missionários de S. Alfonso que se deve a difusão do culto de Maria do Horto em tantos povoados da Riviera e do interior quiavarese. 
O INSTITUTO DAS FILHAS DE MARIA SANTÍSSIMA DO HORTO 
Desde seu nascimento, os episódios referentes a este instituto se entrelaçam com a história de Santa Maria do Horto, uma vez que tal instituto, difundindo-se em muitas localidades da Itália e do ultramar, contribuiu e prossegue contribuindo muitíssimo ao desenvolvimento do culto da Padroeira de Chiavari. Gianelli acalentava, talvez há anos, o projeto de criar uma congregação religiosa de piedosas senhoras que se dedicassem à obra de apostolado religioso e de caridade social. Mas este projeto tomou forma concreta em seu coração e em sua mente depois de sua chegada em Chiavari, quando foi chamado a integrar o conselho de administração do Hospício de Caridade e Trabalho, fundado em 1819. Gianelli percebe logo a necessidade de providenciar boas educadoras para aquelas adolescentes e, para isso, pensa na fundação de uma congregação religiosa. Com orações, com penitências, com jejuns, pede auxílio ao Senhor e à Virgem Santa. Nos processos lê-se que obteve o impulso para esta fundação no dia 2 de julho, enquanto celebrava a santa missa cantada. Parece ter sido o dia 2 de julho de 1828. Uma vez que dirigia espiritualmente muitas jovens desejosas de viver a perfeição religiosa, tinha já com quem contar. Algumas dentre elas aceitaram a proposta e, dentre aquelas que lhe pareciam melhor dispostas ao difícil passo, selecionou doze e as reuniu no dia 12 de janeiro de 1829, à noite. À nova congregação deu o nome de sua Senhora: Filhas de Maria Santíssima do Horto. A nova instituição abraçava logo o apostolado e o serviço ao próximo. No dia 15 de janeiro do mesmo ano de fundação, as filhas espirituais de Gianelli abriam uma escola externa para meninas-moças de certa condição econômica e uma outra para meninas-moças pobres. Primeira escola feminina em Chiavari, tornou-se, em seguida, escola municipal, mas sempre entregue aos cuidados das irmãs. No dia 18 de maio de 1830, as Filhas de Maria abriam na própria casa da rua S. Antônio, onde residia a jovem congregação, um educandário para meninas adolescentes de certa condição econômica que foi consagrado à Senhora do Horto. Aos 28 de dezembro de 1831, as irmãs entram a serviço do hospital de Chiavari. Aos 18 de agosto, assumem a direção e o serviço do Hospício de Caridade e Trabalho, para o qual tinham sido instituídas. Há seis anos de fundação o instituto dirigia quatro complexos educacionais de evidente responsabilidade. A Providência, porem, aguardava as Filhas de Maria alhures. No dia 1 de julho de 1835, véspera da festa de Nossa Senhora do Horto, a instituição assume o serviço no hospital civil de La Spezia. Assim, através das filhas espirituais de Gianelli, o culto da Senhora do Horto chega aos extremos confins orientais da Liguria. As Irmãs do Horto (Gianelinas) encontram-se em muitas partes do mundo, espalhando o amor à Virgem Santíssima. Elas estão presentes na Itália, Espanha, Uruguai, Palestina, Estados Unidos, Chile, Argentina, Paraguai, Índia e Brasil. 
Oração Virgem Maria, que foste declarada pelo Espírito Santo Horto Fechado e Fonte Segura, porque jamais admitiste outro Senhor que o próprio Deus. Por tua fidelidade constante, lança-nos um olhar materno e alcança-nos de Jesus, que tens nos braços, verdadeira conversão de vida, amor a Deus e ao próximo e também a graça que pedimos. Amém. 
Esta oração encontra-se na belíssima novena que pode ser solicitada às Irmãs do Horto, Caixa Postal 1493 – Porto Alegre (RS) CEP 9000-970.

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