domingo, 9 de julho de 2017

Homilia do 14º Domingo Comum (09.07.17)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
“Viver segundo o Espírito” 
Os pequenos acolhem
            O texto evangélico de hoje nos coloca bem no âmago do Evangelho de Jesus que se alegra grandemente porque os pequeninos acolhem a Boa Notícia da revelação de Jesus. Eles acolhem e são os primeiros destinatários. É o júbilo messiânico. Jesus se dirige ao Pai em grande louvor. Também aos “sábios e entendidos” é anunciado o Evangelho, mas permanece oculto, pois estão fechados ao amor de Deus. Muitos destes são interessados e vivem em santidade. Outros aceitam enquanto não os incomodem e não os comprometem com o cuidado amoroso de Deus para com os necessitados. Esse aspecto de pequenez e humildade é uma característica fundamental do Filho de Deus que se encarnou. Como lemos na primeira leitura, o profeta Zacarias (não o pai de João Batista) diz sobre o rei que vai chegar: “Eis que vem seu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento... Ele exterminará a guerra e anunciará a paz” (Zc 9,9-10)... A figura do Rei - Messias não é o glorioso guerreiro num cavalo garboso. Nós temos a tendência ao triunfalismo. Jesus não era assim. É o que lemos no salmo 144 falando de Deus: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência e compaixão. O Senhor é muito bom com todos; sua ternura abraça a toda criatura” (Sl 144,8-9). Jesus é a imagem viva do Pai. Quando queremos essas atitudes estamos vivendo segundo a carne (Rm 8,12).
 Meu jugo é suave
            Jesus convida a irem a Ele os sofredores: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e Eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Esse convite “vinde” ressoa o convite que é a Sabedoria para o grande banquete aberto a todos os povos (Pr 9,5). O convite de Jesus mostra dois aspectos para nossa compreensão da fé: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,30). A carga e a cangalha que dominam o animal simbolizam o peso que carregamos. Estar sob o poder de Deus não é um peso. Carregar as exigências da fé não é um sofrimento que suportamos. Seus mandamentos não são pesados diz S. João (1Jo 5,3). Os mandamentos não são pesados para fazer sofrer nosso coração. Segui-los nos alivia de tantos males. São outros nomes do amor. Jesus já carregou a pesada cruz para o Calvário em nosso lugar. Nossa cruz não é pesada, pois quem a dá é o próprio Jesus que sabe o que podemos suportar. “Deus não permitirá que sejais tentados acima de vossas forças... mesmo tendo a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força para suportar” (1Cor 10,13). O problema não são as tentações, mas a facilidade com que nos deixamos levar pensando que o que nos agrada é que é o certo. Isso é o pior.
Fé não é peso
            Há mais um ensinamento nessas palavras de Jesus: “Meu fardo é leve”. Já há tempo, na história vemos que há uma tendência de rigidez na vida cristã como se o rígido, o severo e o exigente sejam o caminho mais seguro para a salvação. Impôs-se uma fé pesada, uma religião dura. Quanta severidade! Jesus não era assim. Quer que sejamos exigentes no amor. Há uma heresia (doutrina errada) que influencia muito a mentalidade do povo e de certas lideranças. A severidade não se confunde com grosseria, prepotência ou falta de educação, pois a verdade pode ser ensinada com boas palavras. Deve-se condenar o pecado e não maltratar o pecador. Não se trata de ceder ao mal. Quanta gente se afastou da Igreja por maus tratos de sacerdotes e gente da sacristia. A fé é alegria. Não é pesada. A rigidez, peguemos para nós, não impor aos outros. Não jogar sobre os outros nossos problemas.
Leituras: Zacarias 9,9-10; Salmo 144; Romanos 8,9.1-13;Mateus 11,25-30  
1.    Jesus se alegra porque os pequeninos acolhem a revelação de Jesus. Ela é oculta aos sábios e aos entendidos porque fecham o coração. Jesus é como o Pai que é bom.
2.    Estar sob o poder de Deus não é um peso. Carregar as exigências da fé não é um sofrimento que suportar.
3.    Já há tempo, na história vemos que há uma tendência de rigidez na vida cristã como se o rígido, o severo e o exigente sejam o caminho mais seguro para a salvação 
                        Carga leve 
            Quem diz que religião incomoda, está incomodando a religião. Religião que incomoda não é de Deus.  O que é de Deus é a simplicidade, a mansidão e humildade. É o que nos dizem as leituras.
            O glorioso Rei, Senhor do Céu e da Terra vem a sua cidade não montado num cavalo garboso, mas no humilde jumento. Ele vai eliminar toda a arma de guerra. Vem para a paz. É a linguagem que o povo entende. Por isso Jesus, ao entrar em Jerusalém usa esse jumento.
            Não é só simples para demonstrar aos outros, mas simples para acolher. É Nele que podemos encontrar o repouso e o descanso. Nada de coisas pesadas e complicações. Diz: meu jugo e suave, (jugo é a cangalha que se colocava sobre o animal e Jesus usa como aquilo que nos oferece). E meu fardo é leve. Deus não nos dá pesos que não possamos carregar. Mesmo quando há algo pesado na vida, Ele está junto.
            Os que o entendem são os humildes. Cuidado com religião de peso. Isso não é de Deus, mas fruto de nossa maldade. Se quiser algo pesado, ponha sobre suas próprias costas e não nas dos outros.

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