Evangelho segundo S. Mateus 13,10-17.
Naquele
tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Porque lhes falas
em parábolas?». Jesus respondeu: «Porque a vós é dado conhecer os mistérios
do reino dos Céus, mas a eles não. Pois àquele que tem dar-se-á e terá em
abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. É
por isso que lhes falo em parábolas, porque veem sem ver e ouvem sem ouvir nem
entender. Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: ‘Ouvindo ouvireis,
mas sem compreender; olhando olhareis, mas sem ver. Porque o coração deste
povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para
não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e compreendendo
com o coração, se convertam e Eu os cure’. Quanto a vós, felizes os vossos
olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo:
muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que
vós ouvis e não ouviram.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Pedro Crisólogo (c. 406-450),
bispo de Ravena, doutor da Igreja
bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 147
Quando viu o mundo transtornado pelo medo,
Deus pôs em ação o seu amor para o chamar a Si, a sua graça para o convidar, o
seu afeto para o abraçar. Aquando do dilúvio, […] chamou Noé a gerar um mundo
novo, encorajou-o com suaves palavras, deu-lhe uma confiança de predileto,
instruiu-o com bondade sobre o presente e consolou-o com a sua graça
relativamente ao futuro. […] Participou no seu labor e encerrou na arca o germe
do mundo inteiro, a fim de que o amor pela sua aliança banisse o medo. […]
Em seguida, Deus chamou Abraão do meio das nações, elevou o seu nome e
fez dele pai dos crentes. Acompanhou-o pelo caminho, protegeu-o no estrangeiro,
cumulou-o de riquezas, honrou-o com vitórias, confirmou-o com as suas promessas,
arrancou-o às injustiças, consolou-o na sua hospitalidade e maravilhou-o com um
nascimento inesperado, a fim de que, atraído pela doçura do amor divino, ele
aprendesse a […] adorar a Deus amando-O e já não temendo-O.
Mais tarde,
por meio de um sonho, Deus consolou Jacob, que se encontrava em fuga. No
regresso, provocou-o para um combate e, durante a luta, estreitou-o nos seus
braços, a fim de que ele amasse o pai dos combates e deixasse de O temer.
Depois, chamou Moisés e falou-lhe com amor de pai, para o convidar a libertar o
seu povo.
Em todos estes acontecimentos, a chama da caridade divina
abrasou o coração dos homens […] e estes, de alma ferida, começaram a desejar
ver a Deus com os olhos da carne. […] O amor não admite não ver aquilo que ama.
Não é verdade que todos os santos consideraram pouca coisa tudo quanto obtinham
quando não viam a Deus? […] Que ninguém pense, pois, que Deus fez mal em vir ter
com os homens por meio de um homem. Ele tomou carne entre nós para ser visto por
nós.
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