Evangelho segundo S. Mateus 11,25-27.
Naquele
tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos
pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém
conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 29
É-nos impossível encontrar os termos
apropriados para falarmos acerca da gloriosa Trindade, e no entanto impõe-se que
digamos alguma coisa. [...] É completamente impossível, pela inteligência,
compreender como a elevada e essencial unidade é uma unidade simples quanto à
essência, e tripla quanto às Pessoas, compreender como as três Pessoas Se
distinguem entre Si, como o Pai gera o Filho, como o Filho procede do Pai e
contudo nele mora; e compreender como, da sabedoria que dele sai, jorra uma
indescritível torrente de amor que é o Espírito Santo; compreender como essas
maravilhosas efusões refluem na inefável benignidade da própria Trindade e na
fruição que a Trindade faz de Si própria, numa unidade essencial. [...] Mais
vale sentir tudo isto do que expô-lo por palavras. [...]
Consideremos
esta Trindade em nós próprios; tomemos consciência de que somos verdadeiramente
feitos à sua imagem (Gn 1,26), pois encontramos na alma, no seu estado natural,
a própria imagem de Deus, imagem verdadeira, clara, ainda que nela não esteja
toda a nobreza do objeto que representa. Os sábios dizem que esta reside nas
faculdades superiores da alma, na memória, na inteligência, na vontade [...].
Outros mestres dizem, e esta é uma opinião superior, que a imagem da Trindade
reside no mais íntimo, no mais secreto e profundo da alma [...]. É certamente no
mais profundo da alma que o Pai do Céu gera o seu Filho único [...]. Se
quisermos senti-lo, voltemo-nos para o nosso interior, muito acima de quaisquer
atividades exteriores ou interiores, acima das imagens e de tudo o que vem do
exterior, e perscrutemos o fundo da nossa alma. Então, o poder do Pai virá, o
Pai chamará ao homem que há em cada um de nós seu filho único e, tal como o
Filho nasce do Pai e reflui no Pai, assim também o próprio homem nascerá do Pai
no Filho e refluirá no Pai com o Filho, tornando-se um com Ele. O Santo Espírito
difundir-se-á então em caridade e alegria indescritíveis e transbordantes,
inundando e penetrando o fundo do homem com os seus doces dons.
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