Por
que fazemos essa festa diferente? Quando
fazemos a procissão de um santo levamos sua imagem pelas ruas reconhecendo que
esse punhado de gesso traz a lembrança querida de um que viveu para Deus. Deus
é glorificado em seus santos. Quando saímos em procissão com o Santíssimo
Sacramento, a Eucaristia, não é uma lembrança; é uma presença. Nós cremos que a
Hóstia Santa é o corpo e sangue de Cristo. É Cristo vivo. Na Quinta-Feira Santa
celebramos a instituição da Eucaristia, sacramento da salvação, pois é o Corpo
e Sangue de Cristo que Se dá a nós em sua Morte e Ressurreição. Na Quinta-Feira
de Corpus Christi (Corpo de Cristo) celebramos com os louvores devido o tão
sagrado mistério de amor. Por que a Eucaristia é amor? Ela não é somente o
Corpo e Sangue do Senhor, mas é memorial do amor com o qual Jesus Se deu a nós
na Cruz. Por isso é redenção. Uma santa religiosa propôs que se fizesse essa solenidade
para manifestar publicamente o amor que temos por tão grande sacramento. Se o
levamos para as ruas é para que seja reconhecido e louvado dignamente. Nos
séculos passados era um momento de glória. Ainda se enfeitam ruas com primor em
determinadas cidades. Em outros lugares se abandonaram a prática e não há mais
sinais festivos. As casas colocavam toalhas e flores nas janelas. As liturgias
atualmente têm uma dimensão maior de participação. Não se deve, contudo,
dispensar a intensidade do reconhecimento da presença de Cristo no Sacramento
da Eucaristia. Há muitos modos de manifestá-la. Às vezes vemos que muitos estão
se esquecendo que a Hóstia é Cristo vivo. Se fossemos firmes na fé, nosso
procedimento seria diferente. Renovemos a presença daquele que Se fez por nós.
Acolher
o Deus que passa
A
partir da noção de presença temos que superar dois aspectos: o temor do Antigo
Testamento de um Deus que é intocável, e o acolhimento no sacro temor que
acolhe com amor reverente. Não basta estar atentos somente ao Deus que passa em
uma procissão, que poderia não existir, mas não se pode esquecer que nosso Deus
é um eterno viajante, está sempre saindo ao encontro de todos. Ele chega sempre
primeiro. Seria uma loucura se O víssemos ao vivo. Com esses olhos O vemos no
outro, sobretudo no mais necessitado, não só de bens materiais, mas também dos
bens espirituais. Essa presença requer sempre mais a abertura ao Deus que
passa. Enriquece muito saber que em todos os fatos e pessoas está o Senhor.
Isso não nos incomoda nem atrapalha. Jesus não é incômodo, como o foi em vida.
Mesmo em choque com certo tipo de pessoas por sua prepotência, não cortou laços
nem fechou portas. Vemos como tratou Judas que o traia: Chamou-o de amigo. Assim
acolheu Pedro, assim nos acolhe sempre.
Você
leva Deus
Cantamos na bênção do Santíssimo “Bendito
louvado seja!.. Fazei-nos, Virgem Maria sacrários vivos da Eucaristia”. Cantamos,
mas não vamos a fundo nessa expressão. Somos portadores de Cristo por onde
passamos. Isso implica para um aprofundamento da fé na presença de Cristo na
Eucaristia. Se a Hóstia para mim, é algo puramente material, não podemos ir
longe em nosso relacionamento com Ele. Se o temos como Pessoa, Ele torna-se
sempre mais como presença. É um grande desafio superar a mera piedade
descomprometida para buscar o compromisso com uma Pessoa que amamos e que temos
consciência que está em nós e vai conosco. Não vamos pelo mundo com ovelhas
perdidas, sem pastor. Ele permanece em nós e nós Nele. Como O levamos, levamos
a Vida.
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