quinta-feira, 8 de junho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegria completa”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Confiou-nos seus bens
               Como na parábola da vinha encontramos também na parábola dos talentos o verbo confiar. O senhor confia a vinha e seus bens a pessoas que a façam produzir; Deus confia em nós e nos dá os talentos, os dons. O evangelho continua: “E parte imediatamente”, isto é: entregou sem precisar de controle, pois confia. Cada um prestará contas a Deus do que lhe foi confiado. Não é uma ameaça, mas um dom. Na perspectiva da vigilância aprendemos que não é uma tensão a mais na vida, mas uma direção certaz para produzir frutos. O senhor confiou e quis ver os frutos. Tanto ao que recebeu 5 como ao que recebeu 2, e duplicaram o patrimônio, o senhor dá a recompensa correspondente. O senhor chama o servo de bom e fiel e chama para entrar em sua alegria. Deus também reconhece a fidelidade de seus filhos chamando-os para entrar na alegria que é entrar na Vida que goza o Senhor, isto é, a participação dos bens divinos. Mesmo que os dons pareçam poucos, a meta é multiplicar. Quem não vive os próprios dons, tem medo de Deus. Não tem onde se escorar. A quem produz, mais ainda será confiado (Mt 25 29). Quem não rende perde o que já tem. Quer dizer que, não crescer é diminuir. Qual é esse talento ou dom que Deus dá? É o Espírito Santo. O Espírito não se conta por medidas, mas por totalidade. Vemos também que todos temos muitos dons que nos foram prodigalizados pela natureza e pela graça. Esses dons nos foram confiados para que possamos fazê-los produzir fruto e se desenvolverem. Os dons, quando são colocados em ação, se desenvolvem. Quando não, perdem a força. Os dons são dados para o bem de todos. Notamos que, quando deixamos de por nossos dons a serviço, ficamos mais fracos e perdemos o ânimo.  Por isso rezemos: “Nossa alegria consista em Vos servir de todo o coração” (oração).
A mulher forte
               A liturgia escolhe, para comentar o evangelho dos talentos, o belíssimo texto sobre a mulher forte que podemos ler completo no livro dos Provérbios (31,10-31). Lê-lo texto em hebraico é uma poesia alfabética. Cada frase se inicia com uma letra do alfabeto. Está a ensinar que em todas as letras sempre podemos fazer o bem. Lembramos nossas mulheres corajosas que vencem. Lembramos os homens batalhadores que não se entregam mesmo nos sofrimentos com as vidas repletas de bens. Paulo insiste que o valor “é a fé agindo pela caridade” (Gl 5,6). Rezamos na liturgia: “Concedei-nos ó Deus, possa a Eucaristia que Ele mandou celebrar em sua memória, fazer-nos crescer em caridade” (Pós-Comunhão).
Filhos da luz

               A vigilância não é uma ameaça, mas abertura à vida plena. Paulo nos convida a sermos filhos da luz: “Vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas” (1Ts 5,5) . Por isso podemos vigiar. Temos a visão na luz e podemos ver claro os acontecimentos da vida. A parábola é um estímulo a crescer e a produzir frutos. Não se trata de um pragmatismo econômico no acúmulo de bens espirituais, mas no crescimento interior para chegarmos à estatura de Cristo (Ef 4,13). Desse modo viveremos a alegria completa (oração) na recompensa de uma eternidade feliz, por termos servido a Deus na caridade, como a mulher forte que abriu as mãos aos necessitados e as estendeu aos pobres (Pr 31,20). A comunhão que recebemos é um tesouro que nos é dado para ser multiplicado. Cada missa é um dom. Cada dom um compromisso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário