Evangelho segundo S. Mateus 5,13-19.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele
perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser
lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode
esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a
colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os
que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para
que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus». Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas
completar. Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não
passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se
cumpra. Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais
pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus.
Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia,
bispo de
Constantinopla, doutor da Igreja
Sermões sobre S. Mateus, n.º 15
O sal da terra
«Vós sois o sal da Terra», diz o Salvador,
mostrando-lhes a necessidade de todos os preceitos que acaba de enunciar. «A
minha palavra não vos será confiada apenas para a vossa própria vida, mas para o
mundo inteiro. Não vos envio a duas cidades, a dez ou a vinte, nem a um só povo,
como outrora os profetas. Envio-vos à terra, ao mar, a toda a criação (Mc
16,15), a toda a parte onde o mal abunda».
Na verdade, ao dizer-lhes:
«Vós sois o sal da Terra», indicou-lhes que toda a natureza humana está insossa,
corrompida pelo pecado; e que seria pelo seu ministério que a graça do Espírito
Santo regeneraria e conservaria o mundo. É por isso que lhes ensina as virtudes
das bem-aventuranças, que são as mais necessárias e eficazes para estes homens
que vão encarregar-se de multidões. Aquele que é manso, modesto, misericordioso
e justo não encerra em si mesmo as boas ações que realiza; quer que essas belas
fontes jorrem também para bem dos outros. Aquele que tem o coração puro, que é
construtor da paz, que sofre perseguição pela verdade consagra a sua vida ao bem
dos outros.
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