Martirológio Romano: Em Ankara, na Galacia, na moderna Turquia, santos mártires Teódoto e as virgens Tecusa, Alessandra, Cláudia, Faina, Eufrásia, Matrona e Julita; estas últimas foram obrigadas pelo governador a serem expostas num lugar infame, permanecendo intactas; depois foram lançadas num lago com pedras amarradas ao pescoço.
As Atas destes mártires são consideradas autênticas por seu estilo, linguagem e sobretudo por sua antiguidade provada. As cópias mais antigas procedem dos mosteiros de São Sabas (*), onde este martírio era comemorado.
Em Ancira (atual Ankara, Turquia), durante a perseguição de Diocleciano (284-305), viviam um estalajadeiro chamado Teódoto e sete virgens, todas provectas, chamadas Tecusa, Alessandra, Cláudia, Faina, Eufrásia, Matrona e Julita. O estalajadeiro Teódoto, convertido por Tecusa, tornara-se seu filho espiritual.
Teódoto era um bom cristão que, em tempos de perseguição escondia os perseguidos em sua própria casa. Principalmente se esmerou em caridade durante o período em que governava Teotecno, cujo empenho em destruir o Cristianismo em Ancira era feroz.
Neste tempo, sete virgens de Ancira foram acusadas de serem cristãs e levadas ao juiz. Três delas eram virgens consagradas da igreja local.
O juiz mandou a soldadesca insultá-las e vexá-las, para desmoralizá-las. Quando um deles arrancou o véu da cabeça de Tecusa, ela o recriminou: “Pare com tua impertinência, jovem! Olhe meus cabelos prateados. Por acaso não tens uma mãe idosa? Portanto reverencia sua cabeça cinza na minha!” O jovem, envergonhado, a deixou em paz. Mas Teotecno, juiz tirano, estava determinado a quebrar a constância das sete mulheres, para que não fossem exemplo para os outros cristãos.
Ao chegar o dia em que as deusas Diana e Minerva iam tomar o banho anual num lago dos arredores, o governador pagão obrigou Tecusa e suas companheiras a acompanhar o carro que levava as estátuas. Quando o cortejo chegou ao destino, obrigou-as a sacrificar às deusas. Estas se recusaram e ele mandou açoitá-las diante da multidão.
Entrementes, Teódoto tinha ido à casa de uns amigos, Teocário e sua esposa. Esta tinha se aproximado do lago e contou como as sete cristãs foram humilhadas no meio das risadas do povo. Tentaram vesti-las com túnicas adornadas e com coroas, mas elas resistiram, preferindo ficar nuas a vestir túnicas de idólatras. Quando elas submergiram, o governador ordenou que atassem pedras aos seus pescoços e as afogassem.
Teódoto, que era bom nadador, empenhou-se em trazer para a terra a sua mãe espiritual e as outras virgens. Ele e seus amigos combinaram ir ao lago naquela noite. A noite era muito escura, mas uma estrela guiou o caminho dos cristãos até o local do martírio. Além de a noite ser escuríssima, começou a chover.
Ao chegar ao local correto, viram que os guardas colocados pelo governador para vigiar o lago tinham se afastado para se proteger da tormenta. Então, Teódoto e seus amigos cortaram as cordas que prendiam os corpos das santas no fundo do lago e em um carro puxado por cavalos transportaram os corpos. Eles piedosamente deram sepultura aos corpos deixando uma marca visível do local.
Na manhã seguinte, descobriu-se que os corpos tinham sido resgatados. O governador enfureceu-se e mandou que o caso fosse averiguado. Um dos amigos de Teódoto o denunciou, indicando inclusive o local onde as mártires haviam sido enterradas.
Teódoto foi preso e torturado. Depois seria martirizado num local designado pelo governador. Toda Ancira seguiu o cortejo macabro, rindo e ridicularizando o mártir. Quando Teódoto chegou ao local definitivo do martírio, ajoelhou-se e ergueu ao céu uma oração, em seguida foi decapitado. Não contente com isto, Teocteno ordenou que o corpo de Teódoto fosse queimado em público em uma grande fogueira, para que os cristãos não pudessem venerá-lo.
Entretanto, apenas foi acesa a fogueira, a chuva apagou o fogo, e Teocteno adiou a queima do santo para o dia seguinte, deixando guardas encarregados de impedir os cristãos de se aproximar. Estes, assim que ficaram sozinhos, fizeram uma cabana de ramos e folhas.
Um grande amigo de Teódoto, o sacerdote Fantão, pároco de Malos, perto de Ancira, ao anoitecer carregou um burro com um odre bem cheio de vinho e encaminhou-se para Ancira. Ao passar pelo posto dos guardas, estes o convidaram a permanecer com eles sob o abrigo. Fantão perguntou o que eles faziam ali debaixo da chuva e eles narraram a morte do estalajadeiro. Ele ficou sabendo que estavam guardando seu corpo para ser queimado e então urdiu um plano. “Pensei que vós tivésseis sede”, disse-lhes oferecendo seu vinho. Eles esvaziaram o odre até à última gota, ficaram bêbados e dormiram um sono de chumbo.
Imediatamente Fantão tomou o corpo do amigo, colocou-o sobre o burro e encomendando-se a Deus, o deixou livre. Para não levantar suspeitas, Fantão ficou ao lado dos soldados, enquanto o burro, levando o corpo do mártir, voltava a Malos. Depois, começou a chorar e a gritar. Os soldados despertaram e perguntaram o que estava acontecendo. Fantão lhes disse que seu burro havia escapado; os soldados, rindo dele, o expulsaram dali e continuaram a dormir.
Fantão correu para sua ermida e encontrou seu burro diante da porta, esperando-o com seu precioso tesouro nas costas. Fantão tomou o corpo do amigo, rezou e depositou-o no local que havia prometido construir e junto ao qual viveu em paz. Eis o que explica que mais tarde as relíquias de São Teódoto vieram a ser veneradas nesta paróquia e tenha sido construída ali uma bela igreja em sua honra
Isto aconteceu em 304, imperando Maximiano e Diocleciano.
São Teódoto é o padroeiro dos estalajadeiros.
(*) SÃO SABAS
Nascido em 439 na Capadócia e filho de uma família bárbara convertida ao Cristianismo, Sabas teve uma infância difícil. A disputa dos parentes por sua herança o levou a procurar ajuda num mosteiro, onde foi acolhido apesar de ser ainda uma criança. Apesar de pouca instrução tornou-se um sábio na doutrina cristã.
Foi monge na solidão e experimentou também a vida comunitária. Dividiu tudo o que herdou entre os cristãos pobres e doentes. Trabalhou na conversão de seus conterrâneos e ajudando os cristãos perseguidos em sua pátria. Era caridoso e valente.
Fundou uma comunidade monástica na Palestina, onde anos mais tarde seria erguido o Mosteiro de São Sabas. A fama dos prodígios e também a grande sabedoria sobre a doutrina de Cristo, fizeram essa comunidade crescer muito. A eloquência da sua pregação do Evangelho atraia cada vez mais os pagãos à conversão.
Morreu em 5 de dezembro de 532, na Palestina, aos noventa e três anos de idade. Santo Sabas está presente na relação dos grandes sacerdotes fundadores do monaquismo da Palestina.
Fontes: www.jesuitas.pt, www.es.catholic e www.santiebeati.it; "Vidas de los Santos". Tomo V. Alban Butler. REV. S. BARING-GOULD;
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