sábado, 27 de maio de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Dai a Deus o que é de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Viver em um mundo diferente
               No diálogo entre Jesus e os chefes do povo, foram colocadas a Jesus questões fundamentais a Jesus. Essas dividiam as opiniões e, qualquer resposta de Jesus seria condenatória. Referiam-se à política, à teologia e à vida espiritual. São as mesmas questões que foram colocadas pelo Demônio a Jesus no deserto. O evangelista esclarece os cristãos sobre sua situação de cidadãos em um reino pagão. Para os judeus, o tributo a Cesar feria a vida do povo. Era humilhante pagar o imposto ao imperador, ainda mais com sua imagem na moeda. Se Jesus dissesse que se deveria pagar o tributo, estaria contra o povo oprimido pelo estrangeiro. Se não apoiasse estaria contra o estado. Armando a cilada, reconhecem em Jesus o homem verdadeiro que ensina o caminho de Deus sem ser influenciado (Mt 22,16). Jesus nasceu, viveu e morreu sob o imperador romano (Cesar). Os outros povos o consideravam um deus. Em Pérgamo havia um grande templo dedicado ao imperador. Jesus ensina que temos que viver na sociedade cumprindo nossos deveres civis e também os religiosos. Pedro e Paulo reconhecem o respeito e a honra que deve ser dada às autoridades, mesmo as pagãs (Rm 13,7 e 1 Pd 2,13-17). Quando diz dar a Deus o que é de Deus, reconhece a necessidade de sujeição e reconhecimento de Deus. Temos os compromissos com o estado e a sujeição e honra a Deus. Esse texto gerou o conceito de divisão entre Igreja e Estado. Estado laico não admite o espiritual, como se a vida das pessoas fosse por departamentos. Ser laico não exclui o espiritual. Jesus é a imagem do Deus invisível. É por Ele que prestamos culto, dando a Deus o que é de Deus. Jesus é o modelo de quem vive o equilíbrio das coisas do mundo e as de Deus.
O poder a serviço
               A primeira leitura nos apresenta a ação de Deus que nos povo através de um homem que não sendo do povo de Israel, foi seu salvador. Vemos uma contraposição a Cesar e um modo de entender o que é “dar a Deus o que é de Deus”. O profeta escreve sobre Ciro: “Armei-te guerreiro sem me conheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45,6). Deus age também nos que estão fora. A força do poder é o poder do serviço. A força do cristão é o Espírito. Essa norteará seu caminho em situações diferentes. Em sua administração a Igreja não usa só a sabedoria humana que nem sempre é boa, pois vemos se sucederem as teorias, as filosofias, mas a sabedoria de Jesus que é o modelo do poder colocado a serviço.
Estar a vosso dispor (oração)
               As orações da liturgia interpretam da questão mostrando o valor dos bens terrenos: “Auxiliados pelos bens terrenos, possamos conhecer os valores eternos” (Pos-comunhão). O equilíbrio entre estes dois reinos está na compreensão de nossa união a Deus a serviço dos irmãos na justiça e no amor. O poder de Cesar está unido a serviço a Deus. Pedimos a Deus: “Dai-nos usar vossos dons, servindo-vos com liberdade” (oferendas). Estar ao dispor é estar diante de Deus pelas pessoas como o faz Paulo pelos tessalonicenses: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação de vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza de vossa esperança” (1Ts 1,2-3). Nossas celebrações deveriam ser um momento de oração pelos irmãos e pelas necessidades do mundo. Se nos reunimos diante de Deus em oração litúrgica, é para fazer memória também dos irmãos.
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