Evangelho segundo S. João 10,1-10.
Naquele
tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no
aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro
abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo
seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe
pertencem, caminha à sua frente; e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua
voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a
voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não
compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade
vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são
ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem
entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra
pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para
que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Beato Paulo VI (1897-1978), papa de 1963 a 1978
Mensagem do
Papa Paulo VI para o 8.º Dia Mundial das Vocações
Quando Jesus Se apresentava como o Bom
Pastor, relacionava-Se com uma longa tradição bíblica, já familiar aos seus
discípulos e aos outros ouvintes. Com efeito, o Deus de Israel tinha-Se
manifestado sempre como o Bom Pastor do seu povo: tinha ouvido os seus lamentos
(cf Ex 3,7); tinha-o libertado da terra da escravidão (cf Dt 5,6); «o Senhor é
quem dirige as batalhas» (Ex 15,3) durante o fatigante caminho no deserto para a
pátria prometida (cf Sl 78, 52s). [...] Século após século, o Senhor tinha
continuado a guiá-lo, ou melhor, a levá-lo nos braços, como o pastor leva os
cordeiros (cf Is 40,11). Tinha-o levado mesmo depois da punição do exílio,
chamando novamente e reunindo as ovelhas dispersas para as reconduzir à terra
dos seus pais (cf Is 49,8s).
Era por este motivo que os antigos crentes
se dirigiam filialmente a Deus chamando-Lhe o seu Pastor: «O Senhor é o meu
pastor, nada me falta; em verdes prados me apascenta; conduz-me junto das águas
refrescantes para repousar; reconforta a minha alma e guia-me pelos caminhos
retos» (Sl 23,1s). Eles sabiam que o Senhor era um Pastor bom, paciente, às
vezes severo, mas sempre misericordioso com o seu povo, ou melhor, com todos os
homens. [...]
Quando, na plenitude dos tempos, chegou Jesus, encontrou o
seu povo «como ovelhas sem pastor» (Mt 9,36) e encheu-Se de compaixão. Nele, as
profecias realizavam-se e terminavam os tempos da expetativa. Com as mesmas
palavras da tradição bíblica (cf Ez 34,11-16), Jesus apresentou-Se como o Bom
Pastor que conhece as suas ovelhas, as chama pelo nome e dá a vida por elas (cf
Jo 10,11s). E assim «haverá um só rebanho e um só Pastor» (Jo 10,16).
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