Evangelho segundo S. João 14,6-14.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida:
ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o
meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe:
«Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto
tempo estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes
tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está
em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim próprio, mas é o Pai,
permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai
está em Mim. Acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade
vos digo: Quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras
ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome,
Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma
coisa em meu nome, Eu a farei».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Hilário (c. 315-367), bispo de
Poitiers, doutor da Igreja
A Trindade, VII, 41
«Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está
em Mim». O que significa este «Crede em Mim»? Trata-se de uma expressão que se
ilumina por meio da seguinte: «Mostra-nos o Pai». Cristo ordena aos seus
apóstolos que acreditem nele para lhes reforçar a fé, essa fé que tinha pedido
para ver o Pai. Porque não tinha bastado ao Senhor dizer: «Quem Me vê, vê o
Pai». [...] O Senhor quer que acreditemos nele, para que a convicção íntima da
nossa fé não corra o risco de ser cancelada. [...] Acreditemos, ao menos com
base no testemunho das suas obras, que o Filho de Deus é Deus, que nasceu de
Deus e que o Pai e o Filho são um; que um está no outro pelo poder da sua
natureza divina, e que nenhum deles existe sem o outro. Aliás, o Pai a nada
renuncia daquilo que possui pelo facto de estar no Filho, enquanto este recebe
do Pai tudo aquilo pelo qual é Filho.
Serem reciprocamente um no outro,
possuírem a unidade perfeita de uma natureza essencial, que o Filho único e
eterno seja inseparável da verdadeira natureza divina do Pai, tal maneira de ser
não pertence àquilo que tem uma natureza material. Não, esse estado de facto em
que uma pessoa habitando noutra a faz viver é uma característica própria de
Deus, o Filho único [...]. Pois cada uma delas existe pelo facto de uma não ser
sem a outra, dado que a natureza do ser que existe é a mesma, quer se trate
daquele que engendra ou daquele que nasce.
É este o sentido dos textos:
«Eu e o Pai somos um» (Jo 10,30), «Quem Me vê, vê o Pai», e «Eu estou no Pai e o
Pai está em Mim». O Filho não é diferente nem inferior ao Pai [...]; o Filho de
Deus, nascido de Deus, manifesta em Si a natureza do Deus que O engendra.
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