A
história do povo de Deus não termina com Jesus, mas continua fazendo seu
caminho até a consumação dos tempos “quando Cristo entregar o Reino a Deus Pai”
(1Cor 15,24).
Nós fazemos parte dela. Damos nossa contribuição e recebemos seus ensinamentos.
Celebrando os acontecimentos e pela memória sacramental, participamos da graça
da salvação. Refazemos o caminho e o caminho nos refaz. As celebrações da
Igreja começam com o domingo que é o dia da reunião da comunidade com o Senhor.
Assim nos relatam os Atos dos Apóstolos narrando que as aparições do
Ressuscitado que se davam no oitavo dia, o domingo. Depois, já no século II
temos notícias da preparação da Páscoa com dias de jejum. Surgem a seguir os 40
dias de Jejum que chamamos Quaresma. Já pelo ano 380 temos o testemunho de uma
monja espanhola, Etheria, que visitou todos os lugares bíblicos e narrou como
eram as celebrações. A liturgia de Jerusalém inspira a liturgia da Igreja,
sobretudo na Semana Santa. Jerusalém tem uma característica só sua de ser uma
liturgia geográfica, isto é, celebra os acontecimentos nos lugares onde
ocorreram. Estas se concluíam sempre na basílica da Ressurreição, chamada
também Santo Sepulcro pelos cruzados. Esses ritos estão presentes em nossas
celebrações desta Santa Semana. Basta ver a procissão do domingo de Ramos. Toda
a celebração da Páscoa está preparada para a celebração dos batismos que eram realizados
somente na Vigília Pascal. O Batismo é a passagem da morte para a vida, em Jesus
que passou da morte para a Vida. Por isso a celebração da Vigília Pascal tem
diversos ritos que explicitam a graça do Batismo.
1868.
Ensinamento da Paixão
Não
podemos falar mais de Semana Santa, mas sim, de Tríduo Pascal que são a
Sexta-Feira Santa, começando com a Ceia do Senhor, o Sábado Santo, e o domingo
da Páscoa que se encerra na tarde do domingo. São três momentos da mesma
Páscoa. Notemos que o dia litúrgico inicia-se na véspera. A Vigília é o centro
de toda vida da Igreja. Ali é que se dá o momento da celebração da
Ressurreição. Começamos com a Ceia na qual Jesus institui a Eucaristia que
torna presente sua Morte e Ressurreição. O Mistério Pascal de Cristo envolve
toda a vida de Cristo, centrando-se em sua Paixão e Ressurreição. Lembrando sua
Paixão na Sexta-Feira Santa podemos compreender como Deus quis nos remir.
Precisava tanto sofrimento? Não. Aconteceu assim, porque o mal dominou o
coração dos homens. E Jesus suportou porque quis amar até o extremo do amor.
Sem nos unirmos aos sofrimentos de Cristo, através de nossos sofrimentos e
também nossa participação litúrgica e espiritual, não podemos entender o que
significa
1869.
Glória da Ressurreição
A Ressurreição é o ponto máximo da
vida da Igreja. Ali está a garantia total dos ensinamentos de Jesus e a certeza
que também seremos ressuscitados. “Se Cristo não ressuscitou, vazia é nossa
pregação, vazia também é vossa fé” (1Cor 15,14). Por isso celebramos com intensidade esse momento.
A celebração não é só a lembrança de um fato, mas sua realização para nós. Não fatos
em que lembramos, mas verdades das quais participamos recebendo toda a graça
correspondente a esse mistério celebrado. A fé católica ensina que participamos
e não assistimos a um teatro. As leituras proclamadas anunciam o acontecimento.
Os ritos sacramentais realizam os acontecimentos para nós. Por isso dizemos:
participamos. Quando dizemos memória, dizemos no sentido hebraico, como vemos
na Ceia Pascal. Paulo ensina que fazemos memória (1Cor 11,24).
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